Qual era a importância da Gália para os romanos?
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Travando uma dura campanha militar que se estendeu por sete anos, Julio César, pró-consul romano da Gália Narbonense, entre 58 e 51 a.C., conseguiu submeter as 60 tribos celtas que habitavam as três partes da Gália original. Desde então, cessada a resistência nativa ao redor do ano 50 a.C., teve início o lento processo de absorção dos derrotados pelos vencedores. Política que continuou se prolongando com sucesso pelo império de Otávio Augusto e de Tibério Cláudio.
O começo da conquista
Independentemente de César ser um homem ambicioso. Desejoso de fazer fama nos combates e nas aquisições territoriais fazia tempo que os romanos olhavam cobiçosamente para a Gália. Ainda que ela se apresentasse extremamente dividida (Bélgica-Aquitânia- e Gália propriamente dita), com suas 60 tribos se desentendendo e sendo rivais, ela era uma ameaça permanente a fronteira norte da Itália. Além de possuir enorme riqueza agrícola e mineral, bem como prodigiosa criação de gado, tinha uma notável rede de rios navegáveis, tais como o Ródano, o Garona, o Loire, Mosele, Reno, Oise, Saône, Somme, Sena, etc., apresentava-se, pois, como uma questão de segurança.
Tanto assim que foi daquelas terras de onde partiu a maior ameaça que Roma sofreu em todos os tempos: a impressionante campanha de Aníbal Barca, o general cartaginês que por pouco não pôs fim à própria Roma, quando invadiu a Itália em 218 a.C.. Portanto, os estadistas romanos estavam sempre à espreita de uma oportunidade de rumarem com suas armas para o norte e colocar a Gália inteira sob sua tutela. César narrou no De Bello gallico (¿Comentários sobre a Guerra Gálica¿, Livro I,) que foi atendendo ao chamado dos celtas que terminou por envolver-se na guerra.
Entrou em ação a pedido dos galos-sequanos para neutralizar o chefe germano Ariovisto que assolava a região e a partir de então suas legiões não pararam mais de marchar e lutar até que todo o território celta ficasse submetido. Sua força núcleo compunha-se das legiões Claudia ( VII legião), Augusta ( VIII legião), Hispana (IX legião) e a Gemina ( X Legião), num total de 24 mil combatentes, fora os 12 mil das tropas auxiliares. Seu objetivo era impedir por meio militar que o líder suevo implantasse, como era o intento dele, uma Gália Germânica na parte setentrional da França de hoje (pois ela poderia servir como trampolim para futuras incursões dos bárbaros sobre a área controlada pelos romanos).
A guerra que os dois deram começo, em setembro do ano de 58 a.C., com a vitória espetacular de César nos Vosges (batalha de Ochsenfeld, para os alemães), nas proximidades de Mulhouse ( hoje na Alsácia), foi a primeira de uma série travada entre romanos e germanos que se estendeu por séculos e que tinha como alvo o domínio da Gália, até quando os francos sálicos(vindos da Francônia alemã) a ocuparam definitivamente no século V, fundando a França moderna.
Nesta impressionante operação, agindo numa área imensa, quase duas vezes superior a da Itália, suas coortes combateram os helvécios, os germanos e, também, ao atravessar o canal da Mancha para invadir a Bretanha, no ano de 54 a.C., as tribos bretãs. Depois de ter batido os germanos, teve a seu favor o fato dos celtas não possuírem um governo central. A Gália subdivida-se entre as tribos marítimas, as da Gália central e da Bélgica, mostrou-se incapaz de fazer uma frente comum contra o romano invasor.
A maior resistência à ocupação partiu do chefe Vercingetórix, bravo filho de Celtilo Arverno, que, conclamando as demais tribos gaulesas (senones, parísios, pictones, cadurcos, turonos, aulercos, lemovices, andes, etc.), lutou heroicamente contra o cerco romano em Alésia até que viu-se constrangido à rendição no ano de 52 a.C., não suportando o sitio e a fome que as legiões lhe impuseram.