Português, perguntado por Essuardagey, 10 meses atrás

Qual e tipo de narrador do livro "O evangelho segundo a serpente"?

Soluções para a tarefa

Respondido por pollyannalimasilva50
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Resposta:

cade o livro pra mim pode responde moça


Essuardagey: Como que eu mando já fiz a pergunta
pollyannalimasilva50: moça esse livro tem na google pra mim ver se consigo responder?
Essuardagey: Fiz outra pergunta e coloquei o livro lá não sei tem no Google
Respondido por mila020605
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Resposta: O Evangelho segundo a serpente

Encontrei Faíza num lugar de desencontros: na cabine de um avião. Viajávamos ambos de Maputo para a Ilha de Moçambique. Eu seguia numa das minhas expedições biológicas cujo fim era colectar búzios, raízes, amostras de fauna. Ela ia colectar pedaços da sua própria vida, procurando por vozes, ecos de uma existência infinitamente repartida e hibridizada.

Quando o avião levantou, a sua mão procurou o meu braço e cravou as unhas para vencer o medo de voar. Depois, quando me narrou partes da sua história, fui eu que levantei voos a ponto de lhe dizer: “Você devia escrever isso.” Ela sorriu e a malícia desse riso triste me fez suspeitar que ela fosse escritora. A meio da viagem me dei conta: Fazia Hayat estava desviando o avião. As histórias que me contava faziam-me voar numa outra direcção, para outros encantados destinos. O meu destino não era mais a Ilha. Viajava, sim, pelos relatos de uma mulher extraordinária, repartida entre Goa, a Europa e África, uma costureira de lembranças e de identidades.

Revejo algumas dessas histórias neste livro, reescritas no mesmo tom belo, misterioso e inquietante. Nestas páginas se revela o delírio que faz surgir o universo na pequenez de um quarto de dormir. E se confirma que, se escrevemos para ter raiz, só o poderemos fazer se tivermos suficente asa. O ser-se demasiado de um lugar pode impedir o voo. Afinal o medo de voar é falso. Ela vive em voo e repartindo com os outros o sentido de vertigem. A condição de Faíza é a sua permanente disponibilidade para viajar por outras almas e cumprir o provérbio africano que diz: “Eu sou os outros.” Ou como diz Fernando Pessoa citado por Faíza: “Eu sou uma antologia.”

A mulher que se sentou a meu lado num avião irá agora fazer-vos companhia numa viagem inesquecível, em que a palavra retoma a sua vocação religiosa de reencontrar laços entre gentes e lugares, memórias e vazios, vidas e tempos. Nesse desfile de pequenos delírios em forma de textos breves viajarão entre desertos e oceanos, na companhia de fantasmas que adormecem em Goa e despertam em Barcelona e de anjos que se deitam no Cairo para se fatigarem no Rio de Janeiro. Faíza Hayat é uma colecção de personagens e a sua escrita nómada é o retrato de todos nós, na encruzilhada dos caminhos que nos fazem ser múltiplos, imagem e espelho de um interminável retrato.

Partilhamos todos a condição errante de Faíza Hayat: procuramos imagem num espelho coberto de poeira. Mais do que o vidro espelhado é a pegada do pó que nos devolve a imagem. Esse pó se assemelha a estas histórias: ambos são a escrita do tempo nas nossas vidas.

Explicação: não entendi mas é isso ai ;)

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