qual é o problema que está tendo na agrícola.
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Resposta:
Em um momento em que se discute, de forma intensa, a respeito da
necessidade e dos meios de se executar um programa de reforma agrária no
Brasil, torna-se importante analisar de uma forma ampla os principais problemas
da agricultura brasileira e suas causas. A necessidade de uma reforma agrária e a
extensão e profundidade que a mesma deverá ter dependerá do grau de
inadequação da estrutura agrária do país. Quanto mais as deficiências estruturais
constituírem-se em causa das dificuldades que hoje enfrenta a agricultura
brasileira, maior será a necessidade da reforma agrária, e mais radical deverá ser
ela.
Neste artigo, limitar-nos-emos a discutir os principais problemas da
agricultura brasileira – sua baixa produtividade, o uso distorcivo da terra, a
existência de extensas áreas não aproveitadas, o desemprego, a produção
insuficiente, o baixo nível de vida do homem do campo, a transferência para os
intermediários de parte da renda que lhe é devida – e a relacionar tais problemas
com suas causas de natureza econômica, técnica e estrutural.
Principais problemas da agricultura brasileira
Um primeiro e fundamental problema da agricultura brasileira é que sua
produção não tem crescido na medida das necessidades do desenvolvimento
econômico nacional e do correspondente aumento do consumo interno de
produtos agrícolas, particularmente de gêneros alimentícios. Como é normal na
fase de desenvolvimento em que o país se encontra, a taxa de desenvolvimento
da indústria tem sido superior à da agricultura. Mas a diferença tem sido excessiva. Enquanto a taxa média do crescimento da indústria, entre 1947 e 1961,
foi de 9.6% ao ano, a taxa correspondente para a agricultura foi de 4.6%.1
A
indústria, portanto, cresceu a um ritmo mais de duas vezes superior ao da
agricultura. Como principal resultado desse desequilíbrio, verificou-se um déficit
na produção de alimentos em relação ao aumento da renda per capita e ao
crescimento da população, entre 1953 e 1959, de 15.2%, conforme demonstra o
Quadro I. Mesmo que admitamos que o coeficiente entre o aumento da renda per
capita e a procura de alimentos é menor do que 1 (0.6, por exemplo), o que é
certo para os alimentos de primeira necessidade, a oferta de alimentos ainda seria
insuficiente.