Qual é o estilo de Capitães de Areia de Jorge Amado ?
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Publicado em 1937, Capitães da Areia é o sexto romance de Jorge Amado, um dos mais famosos e traduzidos escritores brasi<span class="_wysihtml5-temp-placeholder"></span>leiros do século 20. No prefácio ao livro, escreve o romancista que, com essa obra, encerra o ciclo de "os romances da Bahia".
A
narrativa, de cunho realista, gira em torno das peripécias de um grupo
de "meninos de rua" que sobrevive de furtos e pequenas trapaças. Por
viverem em um trapiche velho e abandonado (uma espécie de armazém à
beira do cais), os garotos do bando, liderados por Pedro Bala, são
conhecidos pela má fama de
"capitães da areia". É lá, no trapiche abandonado, que Pedro Bala,
órfão, (o pai foi morto à bala por liderar uma greve, daí a alcunha do
garoto, enquanto a mãe tem o paradeiro desconhecido) se refugia com seu
grupo. O emprego metonímico para a apresentação das personagens
Uma forma bastante usual nas narrativas é o narrador apresentar as
personagens por meio da descrição de suas características físicas e
psicológicas. E nisso, como pudemos ver acima, o romance de Jorge Amado
vale-se da metonímia, figura de linguagem que consiste em tomar a parte
para representar o todo.
Devido a esse recurso estilístico,
temos a impressão de que "a qualidade ou o defeito principal de cada
personagem se estendesse e dominasse todo o indivíduo, servindo-lhe de
emblema e, em muitos casos, determinando-lhe toda a ação", conforme
afirma o prof. Álvaro Cardoso Gomes (em Roteiro de Leitura: Capitães da Areia, Ática, 1996).
Estrutura da narrativa
O romance é divido em três partes, que são subdivididas em capítulos de
variadas extensões, ora longos, ora curtos. O prólogo "Cartas à
Redação" precede às partes subdivididas do romance. Com ele, o autor
cria um artifício que nos leva a acreditar na veracidade dos fatos que a
voz, em terceira pessoa, irá narrar sobre os "capitães da areia".
Esse recurso utilizado por Jorge Amado trata-se de um expediente
bastante comum e antigo ao gênero romance - que remonta ao início do Romantismo,
período em que o gênero será delineado na sua forma moderna e,
praticamente, obtém alcance mundial -, de modo que era bastante usual
iniciar a narrativa pela afirmação de que a história era a transcrição
de um velho manuscrito.
No caso da obra do autor baiano,
trata-se de um recurso de caráter missivista-jornalístico, em que
aparece uma sucessão de cartas dirigidas à redação do Jornal da Tarde,
após a publicação, por parte deste, de uma reportagem em que tratava do
assalto das crianças à casa de um abastado comerciante de um dos
bairros mais ricos da cidade. Tal expediente - o das cartas e
reportagens - , fornece à história um alto grau de verossimilhança. Na
segunda parte do romance, por exemplo, o narrador, de forma indireta,
nos dá notícia do destino de algumas personagens por meio de
reportagens.
O clímax da primeira parte do romance é dividido
em dois momentos. O primeiro dá-se quando os meninos se envolvem com um
carrossel mambembe que chegou à cidade, deixando em evidência a
verdadeira condição de cada um deles, isto é, toda a meninice que
existia por detrás daquele embrutecimento causado pela miséria em que
viviam: "Mas o carrossel girava com as crianças bem vestidas e aos
poucos os olhos dos Capitães da Areia se voltaram para ele e estavam
cheios de desejos de andar nos cavalos, de girar com as luzes. Eram
crianças, sim - pensou o padre." (p. 73).
O segundo momento
será quando a varíola ataca a cidade, matando um deles (Almiro): "E a
varíola desceu para a cidade dos pobres e botou gente doente, botou
negro cheio de chaga em cima da cama." (p. 133). Padre José Pedro
tentando ajudá-los vai contra a lei e é chamado às falas pelo
arcebispado.
Ruptura com certas convenções do romance tradicional
Já afirmou o prof. Álvaro Cardoso Gomes (em Roteiro de Leitura: Capitães da Areia, Ática, 1996) que Capitães da Areia é diferente dos demais romances de Jorge Amado não apenas por causa da temática, mas também em virtude de sua estrutura sui generis.
Por
isso, partem para fazer justiça com as próprias mãos. Por isso, num
plano mais geral, existe o conflito desses jovens com a sociedade, com o
status quo, isto é, com a ordem estabelecida. E a forma de criar
o conflito será roubando desta sociedade seu "sossego", praticando os
mais diversos atos ilícitos, como roubar, estuprar etc.
neorrealista regionalista.
Sua prosa mistura influências do Romantismo e Realismo, movimentos tradicionalmente vistos como contrastantes.