qual é o desenvolvimento e impactos da pecuária no meio ambiente
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Setores como transportes, energia e agricultura são vistos como símbolos do aumento de gases do efeito estufa. No entanto, a pecuária, muitas vezes deixada em segundo plano, tem impacto igual ou superior quando o assunto são mudanças climáticas, e muitas pessoas estão parando de ingerir carne por causa disso. É o chamado vegetarianismo ambiental, tema da pesquisa, ainda em andamento, de Ravi Orsini pelo Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE).
A ideia do mestrando foi montar um panorama geral do impacto da pecuária nas mudanças climáticas e como esse cenário influencia o vegetarianismo ambiental. Para isso, ele utiliza a metodologia conhecida como mapeamento de controvérsias sociotécnicas. “Serve para abordar assuntos dentro da ciência que são controversos, aqueles dos quais não se tem uma concordância generalizada”. Em suma, o método trata-se de uma revisão bibliográfica que procura respeitar os diferentes atores dentro de uma situação. “Ele mantém a proporcionalidade. É uma representação respeitosa da diversidade de pensamentos dentro de uma controvérsia sobre um assunto.”
O impacto mais famoso que a criação de gado gera diretamente é a liberação de metano através do processo digestivo dos animais. No entanto, não é a única. As fezes destes animais, por exemplo, emitem óxido nitroso (N₂0), composto com grande potencial para contribuir com o efeito estufa. Para efeito de comparação, uma molécula de N₂0 equivale a 310 moléculas de dióxido de carbono (CO₂).
Existem também os impactos mais indiretos, e é nesse ponto que muitas controvérsias começam a aparecer. A metodologia de diferentes relatórios leva a interpretações distintas. Ao mesmo tempo que alguns estudos calculam apenas essas emissões diretas, outros somam-as com mais fatores. Entre eles, as queimadas e desmatamentos, que visam a criação de novas terras para plantio ou criação de gado; e a agricultura, que em sua maioria é produzida para servir de ração para a pecuária, como mostra o relatório A Longa Sombra da Pecuária, produzido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em 2006. De acordo com ele, cerca de 97% do farelo de soja e 60% da produção global de cevada e milho são destinados para alimentar animais de corte.
Com diferentes metodologias, aparecem grandes divergências nos resultados. Por exemplo, no mesmo relatório em 2006, a FAO afirma que a pecuária representa 18% das emissões de gases do efeito estufa geradas pelo homem. Já a Worldwatch Institute, organização de pesquisa sobre os impactos das mudanças climáticas, em estudo de 2009, fala em 51%. “É uma diferença gigantesca, que depende de vários fatores”.
No cenário nacional, essa tendência continua. De acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, o setor de mudanças no uso do solo — desmatamentos e queimadas — junto com a agropecuária respondem por 71% das emissões do país.
Apesar dos dados, Orsini conta que setores como transportes e energia continuam recebendo mais atenção da mídia. “Para dar uma noção dessa questão, tem um artigo da pesquisadora Myanna Lahsen em que ela faz uma revisão nos artigos jornalísticos brasileiros que falam de mudanças climáticas, calculando a porcentagem deles que cita a pecuária. O resultado é uma quantidade ínfima de 0,14%”.
os principais impactos negativos, podemos citar: redução da biodiversidade de espécies; erosão, compactação, redução da fertilidade dos solos, com salinização e desertificação de áreas; contaminação dos solos, ar, água, fauna e flora por agrotóxicos e fertilizantes; poluição do ar por fumaça e material
O desenvolvimento da pecuária no período colonial aconteceu com o próprio processo de colonização, quando os portugueses trouxeram as primeiras reses para a realização da tração animal, o consumo local e o transporte de cargas e pessoas.