Qual é a resenha do short-film "Vida Maria"?
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segundo o site estante amarela:
O animador digital Márcio Ramos produziu em 2006 o curta-metragem “Vida Maria”, repleto de atributos verídicos quanto à formação pessoal, o repasse do conhecimento para outras gerações, ideologias naturalizadas e tidas como convenientes, aspirações e autonegação, vivenciadas por diversas mulheres e crianças, principalmente no meio rural, embora não apenas.
O enredo inicia-se com Maria José, ainda criança, no parapeito da janela de sua residência, divagando maravilhada através da conquista que o aprendizado da escrita lhe proporciona. Interrompida por sua mãe, é arrancada não só de seu momento lúdico, como também da perspectiva de ter uma vida diferente da conhecida por ela, ao ser privada do conhecimento.
O tempo transcorre rapidamente, e pode-se observar a metamorfose de Maria José no reflexo de sua mãe. Cresce, trabalha arduamente na roça, casa, tem muitos filhos, priva-se de seus sonhos e repassa para sua filha a mesma experiência obtida, limitando as opções de escolha.
No curta-metragem é notório o quão tangível essa realidade ilustrada é, tanto no meio rural quanto no urbano. A ideologia machista, na qual a mulher deve-se preocupar-se apenas com os afazeres do lar, ainda perdura.
Muitas lutas foram travadas no decorrer da história e o movimento feminista efetivou inúmeras conquistas. Mas, é correto dizer, que ínfimas atitudes do nosso cotidiano, identificada como “normais”, são arraigadas nos ideais machistas. O simples fato de, na linguagem, alterar-se o gênero da palavra para o masculino quando um único homem está em um amplo grupo de mulheres, já demonstra o quão espontâneo isto é reproduzido.
Na cena de desfecho, quando o vento faz as páginas do caderno virar, percebe-se quantas gerações foram influenciadas à autonegação. Os valores errôneos são incorporados e repassados a cada ascendente, por isso o curta recebeu o título “Vida Maria”.
Outro fator relevante, tange as dificuldades enfrentadas no meio rural. Uma criança pode ser privada do ensino regular por diversos empecilhos, seja pela dificuldade de acesso à escola, mobilidade, infraestrutura precária, ausência de professores, a inexistência de assistência técnica por parte do Estado ou até mesmo falta de segurança no percurso.
A cena fúnebre no final, representa fechamento de ciclos enquanto outros se abrem. A história poderá tomar novas direções desde que os paradigmas sociais sejam completamente rompidos. Não cabe apenas ao Estado transformar o cenário existente, sim fornecer os subsídios necessários para tal. Cada pessoa precisa contribuir ativamente, pois a responsabilidade deve ser compartilhada.