Qual é a relação da música da banda de rock Legião Urbana intitulada ÍNDIOS com a história do nosso país?
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Resposta:
Explicação:
Renato Russo era uma pessoa muito especial. Suas músicas marcaram uma geração. No entanto, a maioria das pessoas incluindo seus fãs tem dificuldade em explicar do que ele realmente falava, todos reconhecem sua poesia mas poucos compreenderam a real profundidade do que ele pretendia comunicar através de suas músicas.
Nesta análise tentarei apresentar uma “explicação” do que está acontecendo com Renato Russo ao compor essa bela canção que fala da volta da consciência e da quebra da sensação de separação aparente. Com vocês – “Índios”.
O nome da música é “Índios”, assim mesmo entre aspas, e isto é muito significante, pois já no título da música é deixado claro que não se refere aos índios diretamente e sim utiliza-se de um recurso gráfico para introduzir uma metáfora. Neste caso, a palavra “Índios” se refere ao estado puro da consciência, quando ainda não ocorreu a “queda” e a consequente sensação de separação do espaço ao seu redor. Em suma, Renato está se referindo aos “Índios” para indicar a sensação de pertencer ao todo, na qual não existe a sensação de separação aparente devido a criação ilusória do ego.
Aqui é bom mencionar que Renato Russo escreveu está música após uma tentativa de suicídio na qual ele cortou os pulsos. Consta que ele ainda estava com os pulsos enfaixados quando compôs esta música em poucos minutos.
1 ª e 2 ª Estrofe.
Quem me dera ao menos uma vez
Ter de volta todo o ouro que entreguei a quem
Conseguiu me convencer que era prova de amizade
Se alguém levasse embora até o que eu não tinha.
Quem me dera ao menos uma vez
Esquecer que acreditei que era por brincadeira
Que se cortava sempre um pano-de-chão
De linho nobre e pura seda.
Observe que ele se refere a uma pessoa ingênua, sem malícia ou maldade, tal como uma criança que ao ter sua inocência violada sente-se fraca e perdida. O termo “Ter de volta” indica a grande frustração que ocorre em tal pessoa, tornando-se amargurada, sem esperança, desconfiada e amedrontada. Quem é essa pessoa? Somos todos nós, que em determinado momento fomos afastados da fonte, desenvolvendo a sensação de separação a medida que “os outros” cometeram abusos contra a nossa pessoa. Neste momento a letra pode levar o leitor erroneamente a acreditar em uma perspectiva dualística do mundo, levando a interpretação de que há exploradores e explorados. Vejamos mais a frente que este não é o caso.
3ª Estrofe
Quem me dera ao menos uma vez
Explicar o que ninguém consegue entender
Que o que aconteceu ainda está por vir
E o futuro não é mais como era antigamente.
Nesta estrofe é apresentado o famoso paradoxo da vida e do tempo. Renato se questiona que gostaria de “Explicar o que ninguém consegue entender”. É algo que todos nós sentimos mais cedo ou mais tarde, afinal de contas por que não nos sentimos bem quando conseguimos o que queríamos? Estamos sempre buscando algo para nos satisfazer, mas mesmo quando esse algo chega não nos causa satisfação e logo estamos atrás de outra coisa. Está é a ilusão criada pelo tempo. Quando construímos nossa história fundada sobre o falso eu – o ego – o tempo se torna real e vivemos em função dele, mas no entanto nada dentro do tempo trás a paz tão almejada. “E o futuro não é mais como era antigamente” quando eramos mais novos fazíamos planos e acreditávamos que quando o futuro chegasse iriamos ser felizes. Quando o plano se concretizava, seja ele uma bicicleta ou um casamento, a alegria durava pouco e logo estávamos insatisfeitos novamente.