Qual é a necessidade de produzir um efeito de sentido em texto?
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Explicação:
Os estudos do discurso defendem a ideia segundo a qual o sentido não se constitui apenas pelo reconhecimento das palavras e dos enunciados de uma língua, pois ela não é um código a ser decifrado. Da mesma forma, o sentido não é determinado pelo locutor e nem pelo interlocutor, pois é necessário que as expressões linguísticas sejam associadas aos discursos, que são de natureza social e não individual. Daí advém a tese de que há efeitos de sentido na enunciação escrita ou oral, tendo em vista que o sentido não tem origem nem nos interlocutores e nem na língua, mas se constitui na relação entre interlocutores no uso da língua, frente às condições sociais de produção do enunciado.
Vejamos um exemplo: em “Pedro tem um coração grande”, podemos conceber pelo menos três situações discursivas nas quais a enunciação dessa frase configura efeitos de sentido específicos. Na primeira, o enunciado é associado ao diagnóstico de uma doença do coração que faz aumentar o seu tamanho (cardiomegalia). Os efeitos de sentido desse enunciado podem ser compreendidos por manifestações de pertinência discursiva na interlocução do tipo “a medicina pode vir a curá-lo”, ou “temos de nos preparar para um afastamento dele na empresa” ou mesmo “nós somos uma máquina muito frágil”. Na segunda situação, o enunciado é relativo ao depoimento de um amigo ressaltando as qualidades de Pedro. Nesse caso, os efeitos de sentido do enunciado podem ser vislumbrados por manifestações do tipo “ele se dispõe a ajudar a todos que o procuram” ou “ele perdoa até quem lhe quer mal”. Por sua vez, numa terceira situação, o enunciado poderia ser associado a um alerta sobre a indicação de Pedro para presidir uma comissão destinada a cortar despesas de uma instituição em dificuldades financeiras. Os efeitos de sentido do enunciado podem ser percebidos em manifestações do tipo “ele não consegue ser firme na decisão de dispensar funcionários” ou “ele cede facilmente perante apelos emocionais”. Dessa maneira, o sentido, concebido como efeito, não é algo que advém do enunciado em si, mas da relação de pertencimento que ele mantém com sentidos já produzidos, reconhecidos socialmente no âmbito de um diagnóstico médico, um depoimento sobre virtudes pessoais, um alerta, etc. Essas três regiões de discurso (diagnóstico, depoimento e alerta) são capazes de absorver efeitos de sentido diferentes para o enunciado “Pedro tem um coração grande”.
Na prática pedagógica, esse conceito é importante porque apresenta uma visão dinâmica do funcionamento da linguagem. Com ele, o professor, nas atividades de leitura e produção de texto, pode mostrar ao aluno que a inserção social do indivíduo na sociedade envolve o conhecimento das regiões de discurso que se constituem na sua comunidade com vistas a produzir enunciados pertinentes.
Resposta:
Durante a produção textual, muitas vezes utilizamos recursos para expressar algum sentido além do óbvio. Esses recursos são chamados de efeitos de sentido e podem ser construídos por meio do duplo sentido, da ambiguidade, da ironia e do humor.