Sociologia, perguntado por millenyzinha009, 9 meses atrás

Qual antropólogo trouxe a ideia do relativismo cultural?

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Respondido por rafa081686
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O texto abaixo comenta alguns aspectos da obra do antropólogo Franz Boas (1858-1942) que, com uma postura que assumia o relativismo cultural, rompeu com uma tendência predominante da antropologia no século XIX, assim instaurando uma nova forma nos estudos antropológicos.

noção de cultura em Franz Boas

“Toda a obra de Boas é uma tentativa de pensar a diferença. Para ele, a diferença fundamental entre os grupos humanos é de ordem cultural e não racial.

[...]

Ao contrário de Tylor, de quem ele havia, no entanto, tomado a definição de cultura, Boas tinha como objetivo o estudo “das culturas” e não “da Cultura”. Muito reticente em relação às grandes sínteses especulativas, em particular à teoria unilinear então dominante no campo intelectual, apresentou em uma comunicação de 1896 o que considerava os “limites do método comparativo em antropologia”. [...] Cada cultura representava uma totalidade singular e todo seu esforço consistia em pesquisar o que fazia sua unidade. Daí sua preocupação de não somente descrever os fatos culturais, mas de compreendê-los juntando-os a um conjunto ao qual estavam ligados. Um costume particular só pode ser explicado se relacionado ao seu contexto cultural. Trata-se, assim, de compreender como se formou a síntese original que representa cada cultura e que faz a sua coerência. Cada cultura é dotada de um “estilo” particular que se exprime através da língua, das crenças, dos costumes, também da arte, mas não apenas desta maneira. Este estilo, este “espírito” próprio a cada cultura influi sobre o comportamento dos indivíduos.”

In: COUCHE, Denys. A noção de cultura em Ciências Sociais. Lisboa, 2004.

ETNOCENTRISMO

A escola antropológica representada por Franz Boas rompeu com o modelo evolucionista de interpretação das culturas, que as julgava de acordo com uma visão linear de progresso. Assim, no modelo calcado no evolucionismo, como Edward Tylor, Cultura tinha uma concepção universalista, baseado na ideia de uma unidade psíquica da humanidade: com isso, para pensadores como Tylor e outros que se fundamentavam em torno de ideias de um darwinismo social, as culturas evoluiriam, passando todas pelos mesmos estágios, rumo ao progresso. Boas negou esse modelo de explicação baseado na evolução de estágios culturais, adotando, por outro lado, uma perspectiva particularista que via cada cultura como algo único.

Desse modo, as diferenças entre culturas não eram mais interpretadas por um suposto grau de avanço rumo ao progresso. As culturas passaram a ser compreendidas como algo único e os costumes e regras sociais de um determinado povo deveriam ser interpretados de acordo com as funções que desempenhavam em cada sociedade. A partir daquele momento (início do século XX), o relativismo cultural foi tomado como uma espécie de regra de conduta antropológica, combatendo, por sua vez, todo e qualquer esboço de postura etnocêntrica que fazia com que o pesquisador julgasse as demais culturas com base na sua.

EXERCÍCIO

(Ufu 2012) A estética nas diferentes sociedades vem geralmente acompanhada de marcas corporais que individualizam seus sujeitos e sua coletividade. Discos labiais, piercings, tatuagens, mutilações, pinturas, vestimentas, penteados e cortes de cabelo são algumas marcas reconhecíveis de um inventário possível das técnicas corporais em toda sua riqueza e diversidade. Embora universal, as formas das quais se valem os grupos e indivíduos para se marcarem corporalmente são vistas, às vezes, como estranhas a indivíduos que pertencem a outros grupos.

Essa atitude de estranhamento em relação ao diferente é considerada conceitualmente como

a) preconceito: reconhece no valor das raças o que é correto ou não na estética corporal. 

b) relativização: o outro é entendido nos seus próprios termos. 

c) etnocentrismo: só reconhece valor nos seus próprios elementos culturais.

d) etnocídio: afasta o diferente e procura transformá-lo num igual.

Gabarito

Desde o início do século XX, com pensadores como Franz Boas e Bronislaw Malinowski, as diferenças entre culturas passaram a ser interpretadas em estudos antropológicos com base na ideia de relativismo cultural. Esse conceito rompia com a tendência etnocêntrica das pesquisas culturais de cunho evolucionista. Desde então, o etnocentrismo é conhecido como uma tendência humana em não considerar válido ou significante qualquer traço cultural que seja diferente do seu. A postura de estranhamento em relação a diferenças culturais destacada no texto reflete exatamente isto.

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