Administração, perguntado por thebigtudor, 8 meses atrás

Qual a solução para a crise do sistema capitalista de produção?

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Respondido por mudando31
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Resposta:

A crise ecológica global é um tema que abala a comunidade científica há décadas. Frequentemente, são propostas alternativas como energias renováveis e agricultura orgânica. O problema reside no fato de que, muitas vezes, tais propostas estão dissociadas daquilo que é a base da sociedade: o sistema econômico. Em uma tentativa de entender esses dois fenômenos juntos — a crise ambiental e o capitalismo contemporâneo —, o pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), Carlos Meza, formulou sua tese de doutorado.

Apesar dos esforços da comunidade científica global, por meio de acordos e metas climáticas, a situação continua crítica. As emissões de carbono continuam aumentando, tendo atingido um recorde em 2017, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Isto foi justamente o que motivou Meza a iniciar a pesquisa: por que estamos falhando?

O pesquisador procurou entender as relações intrínsecas entre energia e sociedade, fazendo inicialmente uma contextualização histórica. É possível perceber que as transições energéticas globais — ou seja, as mudanças drásticas na matriz energética global — têm relação íntima com as grandes revoluções. A transição da lenha para o carvão mineral, por exemplo, não foi resultado de uma mudança espontânea da sociedade. Algum fator teve de impulsioná-la. Nesse sentido, é crucial compreender a Revolução Industrial para analisar o contexto contemporâneo.

Além de ter alterado completamente o modo de vida da sociedade moderna, a revolução também foi responsável por consolidar os combustíveis fósseis como principal fonte de energia. “A Revolução Industrial se constrói baseada no carvão mineral e se consolida com a combustão interna de Henry Ford e a eletricidade”, explica o doutor do IEE.

As inovações industriais trouxeram progresso e crescimento econômico sem precedentes históricos para a Europa e para os Estados Unidos. Contudo, vieram com um acompanhamento indesejado: os altos níveis de poluição. “De fato, desde o século XVIII, há registros de pessoas na Inglaterra falando que o carvão mineral é um desastre”. Em uma análise mais profunda, a crise ecológica atual tem suas raízes nesse momento de trezentos anos atrás.

A dificuldade de dissociar o desenvolvimento econômico e o aumento do uso da energia foi então a premissa básica da pesquisa, que contém análise de dados energéticos e econômicos de todos os países com mais de um milhão de habitantes. “As dificuldades de descarbonizar a economia [a diminuição das emissões poluentes de gás carbônico nos processos produtivos] estão muito associadas ao sistema econômico. Porque quando você cresce economicamente, você precisa de mais energia. E essa energia adicional ainda vem principalmente dos fósseis”, resume Meza.

Dentre tantos países analisados, quatro chamaram a atenção: Estados Unidos, Dinamarca, Reino Unido e Alemanha. O que o intrigou foi o fato de que esses países estavam num processo de “descasamento”. Ou seja, estavam diminuindo suas emissões poluentes de gás carbônico e seu uso de energia per capita, ao mesmo tempo em que cresciam em termos econômicos. Seria essa uma possibilidade? Os métodos utilizados por eles poderiam ser aplicados a outros países ao redor do globo? Se a resposta fosse positiva, seria possível repensar todo o sistema, diminuindo o impacto ambiental sem prejuízos ao crescimento econômico.

No entanto, as respostas encontradas pelo pesquisador foram muito mais complexas do que um simples “sim” ou “não”.

Esses quatro países analisados estão se desindustrializando aceleradamente há décadas, o que significa que as indústrias — grandes emissoras de poluentes e consumidoras de energia — estão perdendo espaço na economia. Mas isso obviamente não significou que eles se privaram de produtos industrializados. Nesse contexto, um novo ator entra em cena: a China. “Grande parte das mercadorias chinesas vão para esses países. As emissões são contabilizadas na China, mas consumidas nesses países”, explica Meza.

A questão é que a matriz energética chinesa é majoritariamente ocupada pelo carvão mineral, segundo dados do Banco Mundial. Apesar de ser grande investidora em energias “limpas” (com mínima emissão de poluentes), ultrapassando os Estados Unidos, a participação desse tipo de energia na matriz ainda é pouco significativo.

Em resumo, os quatro países citados pela tese não estão inovando o sistema. Estão apenas transferindo seu impacto ambiental para outro país. O que, na prática, não resolve a crise ecológica global.

Explicação:

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