Sociologia, perguntado por manuelaoliver, 6 meses atrás

Qual a relação que você consegue estabelecer entre quem obedece, quem manda e as desigualdades sociais?


soudoshyungamermao: Essa é toda a matéria , espero ter ajudado

Soluções para a tarefa

Respondido por soudoshyungamermao
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Resposta:

O Brasil é um país marcado pela desigualdade na distribuição de riqueza e elevados níveis de pobreza, características herdadas no desenvolvimento do seu processo histórico, marcado pela ordenação de uma sociedade estamental (FAORO, 1979, p. 45-46), fundamentada no privilégio que se constitui através de ligamentos e arranjos nos campos econômicos e sóciopolíticos:

Explicação:

A realidade do Estado patrimonial, afastada a situação feudal, que ensejaria uma confederação política, madureceu num quadro administrativo, de caráter precocemente ministerial. A direção dos negócios da Coroa exigia o trato da empresa econômica, definida em direção ao mar, requeria um grupo de conselheiros c executores, ao lado do rei, sob a incontestável supremacia do soberano. Há não apenas tributos a colher, onde quer que haja movimento de bens, senão receitas a arrecadar, como participação do príncipe em todos os negócios, senhor ele próprio de todas as transações, lucros e vantagens. Cada vez mais a nota tônica dos tempos novos percute sobre a navegação oceânica, em direção a Flandres e, daí, para o norte da Europa, com as garras ávidas em incursões no mundo árabe, distanciando-se da renda fundiária e da circulação das feiras internas, inaptas a sustentar a grande empresa marítima. De senhor virtual do território eleva-se o Estado, em nome do rei, ‘em agente econômico extremamente ativo (como forçava as casas senhoriais a lançarem-se nos empreendimentos comerciais-marítimos), buscando na navegação oceânica e respectivos tráficos, bem como em

certas atividades industriais novas as rendas que a terra já não lhe dá em montante que satisfaça as necessidades crescentes e que a contração econômica lhe nega no mercado interno’.15 Para isso, o Estado se aparelha, grau a grau, sempre que a necessidade sugere, com a organização político-administrativa, juridicamente pensada e escrita, racionalizada e sistematizada pelos juristas.

Esta corporação de poder se estrutura numa comunidade: o estamento.


soudoshyungamermao: Esta consideração social apura, filtra e sublima um modo ou estilo de vida; reconhece, como próprias, certas maneiras de educação e projeta prestígio sobre a pessoa que a ele pertence; não raro hereditariamente. Para incorporar-se a ele, não há a distinção entre o rico e o pobre, o proprietário e o homem sem bens.
soudoshyungamermao: Ao contrário da classe, no estamento não vinga a igualdade das pessoas — o estamento é, na realidade, um grupo de membros cuja elevação se calca na desigualdade social”. (FAORO, 1979, p. 45-46).
soudoshyungamermao: A descoberta do Brasil se mescla com a expansão ultramarina, com o objetivo de se buscar riquezas em terras distantes para o interesse explorador do Estado português. O entendimento da formação da estrutura sociopolítica e econômica do Brasil só pode ser compreendido a partir da própria história portuguesa, caracterizada por uma estrutura administrativa centralizada (FAORO, 1979, p. 148), com interesses meramente utilitaristas, em cima da nova terra descoberta:
soudoshyungamermao: “O município, como as capitanias e o governo-geral, obedecia, no molde de outorga de poder público, ao quadro da monarquia centralizada do século XVI, gerida pelo estamento cada vez mais burocrático.
soudoshyungamermao: A expansão das forças locais seria, muitas vezes, tolerada como transação, provisoriamente, com o retorno à ordem tradicional, como estrutura permanente de governo. A cadeia político-jurídico e administrativa criava, na verdade, tensões com a corrente local (local e não municipal), num conflito vivo durante quatro séculos”. (FAORO, 1979, p. 148).
soudoshyungamermao: A indústria, a agricultura, a produção e a colonização serão obras do soberano, por ele orientadas, evocadas, estimuladas, do alto, em benefício da Coroa. Onde há atividade econômica lá estará o delegado do rei, o funcionário, para compartilhar suas rendas, lucros, e, até mesmo, para incrementá-la (FAORO, 1979, p. 85):
soudoshyungamermao: “Tudo é tarefa do governo, tutelando os indivíduos, eternamente menores, incapazes ou provocadores de catástrofes, se entregues a si mesmos. O Estado se confunde com o empresário, o empresário que especula, que manobra os cordéis o crédito e do dinheiro, para favorecimento dos seus associados e para desespero de uma pequena faixa, empolgada com o exemplo europeu.
soudoshyungamermao: Todo o influxo externo, de produção de bens ou de aquisição de técnicas, sofre o efeito triturador e nacionalizador do estamento, que retarda a modernização do país”. (FAORO, 1979, p. 85).
soudoshyungamermao: O descobridor, antes mesmo de estudar a terra recém descoberta, queria saber de suas riquezas, ouro e prata, para a glória da Coroa portuguesa. Sob este prisma, pode-se entender as condicionantes que acabaram por interferir e determinar o processo de desenvolvimento da colônia, suas possíveis disparidades, atreladas ao período mercantilista, que acabou por criar o binômio centro/periferia
soudoshyungamermao: “Ocupado o campo de domínio burocrático, a influência política, depois do breve período da Independência e da indefinição regencial, será cada vez mais irradiada do centro para a periferia, numa obra de compressão centralizadora a que não estará alheio o interesse da classe comercial, dona do crédito, do financiamento, do tráfico de escravos e do dinheiro”.
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