Filosofia, perguntado por anacaroo311, 7 meses atrás

qual a relação entre filosofia e autoritarismo?​

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Respondido por jofresuim03
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Resposta:

Estimado leitor, hoje quero percorrer o campo da política. Sei que nem todo mundo gosta desse assunto, mas diante da sua importância, terei que correr o risco de alguém me abandonar antes do término da leitura.

Uma das questões que mais são debatidas em sala de aula é a relação entre os regimes democráticos e os autoritários. Os regimes democráticos são exceções no espaço e no tempo. Esse fato fortalece o argumento de Montesquieu expresso no Espírito das Leis, o qual diz que a natureza humana é individualista e egoísta. Para o pensador iluminista, portanto, democracia e república seriam regimes inatingíveis em termos práti­cos, porque exigem que os interesses públicos estejam acima dos inte­resses privados. Logo, democracia e república só podem ser pensadas e efetivadas a partir de uma educação intensiva e extensiva, capaz de superar o individualismo egoísta em prol da cidadania ativa.

Antes de Montesquieu, Sócrates e Platão já haviam apontado para a falência da democracia grega. Ao tempo desses dois filósofos, somente o sujeito que detinha o título de Cidadão podia se dirigir à praça pública, e participar dos debates da assembleia. Atenas, a cidade-modelo dos gregos, no auge de sua pujança, possuía 400 mil habitantes. Desses, apenas 20% eram cidadãos. Os outros 80% não tinham direito à participação política. Como pode um governo do povo excluir a maioria da população? Não participavam da democracia grega os estrangeiros, as mulheres, os escravos e as crianças.

Sócrates e Platão propunham uma aristocracia, ou seja, um governo dos melhores, que para eles eram os mais bem preparados para o exercício da política. E estar bem preparado para a política exigia o encontro do conhecimento. Daí decorre a ideia de que o melhor político é aquele que mais próximo do saber se encontra, ou seja, o filósofo.

Temos que reconhecer, porém, que a modernidade trouxe conquis­tas fundamentais como a valorização da subjetividade e da liberdade individual. Contudo, ainda não conseguimos equacionar a liberdade individual com a necessidade do exercício da cidadania e da consti­tuição de uma esfera pública que viabilize a coexistência entre ética e política.

Por um lado, o modelo da representação política foi a única forma encontrada para viabilizar o retorno da democracia nas socie­dades modernas, que já não podiam ou não queriam sustentar os al­tos níveis de envolvimento e participação na esfera pública, tal qual os antigos atenienses, quer pela carência de formação, quer pelos no­vos interesses em jogo, quer pela ascensão da importância da econo­mia (reino da necessidade), que passa a subordinar a vida política (rei­no da liberdade).

Mas por outro lado, é preciso admitir que estamos em meio a uma crise da representação política, que coloca em questão o atual modelo das chamadas repúblicas democráticas liberais. Vivemos uma Era onde os direitos humanos e políticos conquista­dos a partir do Século 18, não garantem os direitos sociais mais ele­mentares para a grande maioria das pessoas.

Mas a pergunta que não quer calar é: será que vivemos numa democracia autoritária ou num autoritarismo democrático? Voltaremos ao tema. Bom domingo a todos.

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