qual a relação entre filosofia e autoritarismo?
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Resposta:
Estimado leitor, hoje quero percorrer o campo da política. Sei que nem todo mundo gosta desse assunto, mas diante da sua importância, terei que correr o risco de alguém me abandonar antes do término da leitura.
Uma das questões que mais são debatidas em sala de aula é a relação entre os regimes democráticos e os autoritários. Os regimes democráticos são exceções no espaço e no tempo. Esse fato fortalece o argumento de Montesquieu expresso no Espírito das Leis, o qual diz que a natureza humana é individualista e egoísta. Para o pensador iluminista, portanto, democracia e república seriam regimes inatingíveis em termos práticos, porque exigem que os interesses públicos estejam acima dos interesses privados. Logo, democracia e república só podem ser pensadas e efetivadas a partir de uma educação intensiva e extensiva, capaz de superar o individualismo egoísta em prol da cidadania ativa.
Antes de Montesquieu, Sócrates e Platão já haviam apontado para a falência da democracia grega. Ao tempo desses dois filósofos, somente o sujeito que detinha o título de Cidadão podia se dirigir à praça pública, e participar dos debates da assembleia. Atenas, a cidade-modelo dos gregos, no auge de sua pujança, possuía 400 mil habitantes. Desses, apenas 20% eram cidadãos. Os outros 80% não tinham direito à participação política. Como pode um governo do povo excluir a maioria da população? Não participavam da democracia grega os estrangeiros, as mulheres, os escravos e as crianças.
Sócrates e Platão propunham uma aristocracia, ou seja, um governo dos melhores, que para eles eram os mais bem preparados para o exercício da política. E estar bem preparado para a política exigia o encontro do conhecimento. Daí decorre a ideia de que o melhor político é aquele que mais próximo do saber se encontra, ou seja, o filósofo.
Temos que reconhecer, porém, que a modernidade trouxe conquistas fundamentais como a valorização da subjetividade e da liberdade individual. Contudo, ainda não conseguimos equacionar a liberdade individual com a necessidade do exercício da cidadania e da constituição de uma esfera pública que viabilize a coexistência entre ética e política.
Por um lado, o modelo da representação política foi a única forma encontrada para viabilizar o retorno da democracia nas sociedades modernas, que já não podiam ou não queriam sustentar os altos níveis de envolvimento e participação na esfera pública, tal qual os antigos atenienses, quer pela carência de formação, quer pelos novos interesses em jogo, quer pela ascensão da importância da economia (reino da necessidade), que passa a subordinar a vida política (reino da liberdade).
Mas por outro lado, é preciso admitir que estamos em meio a uma crise da representação política, que coloca em questão o atual modelo das chamadas repúblicas democráticas liberais. Vivemos uma Era onde os direitos humanos e políticos conquistados a partir do Século 18, não garantem os direitos sociais mais elementares para a grande maioria das pessoas.
Mas a pergunta que não quer calar é: será que vivemos numa democracia autoritária ou num autoritarismo democrático? Voltaremos ao tema. Bom domingo a todos.
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