Qual a relação entre escravidão e desumanização
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Explicação:
A população afrodescendente (preta e parda) sobrevive no mesmo ambiente abrasivo de violências articuladas e interseccionais (étnico-racial, classe e gênero) que marcaram suas condições sociais no período de transição racial e demográfica, entre os anos de 1870 e 1930.
Anos críticos para a população negra no país, quando a “eugenia e a pureza racial” tornaram-se “política de estado”.
O preconceito (formas de menor valia das tradições de ascendências africanas), a discriminação racial (segregação conceitual, física e geográfica) e o racismo (fluxo ascendente da linha de mortalidade da população negra) consolidaram-se no imaginário social, e fundaram os obstáculos materiais à mobilidade vertical (ascensão) e horizontal (direito de ir e vir) de negras e negros na sociedade.
Os dispositivos de coerção (violência física) e persuasão (organização das narrativas de supremacia racial que sustentam o estado nacional) espelham, no cotidiano dessa população, os sinais dos sofrimentos corporais e psíquicos, de um país que mantém os dois pés fincados na “instituição da escravidão”; a última a ser abolida no ocidente.
Os 388 anos de trabalho escravo grafaram as relações econômicas, culturais, políticas e sociais que, mesmo depois de 130 anos de abolido, congelam a população descendente de africanos na base da pirâmide social, lócus e logos da clonagem ampliada das desigualdades sociais, com profundas assimetrias entre “privilegiados” e “desprivilegiados destituídos de direitos”.
Equação perversa cujo resultado é a desumanização da ascendência e descendência africanas.