Qual a relação entre corrupção e patrimonialismo
Soluções para a tarefa
Resposta:
A colonização portuguesa sempre pensou o Brasil como uma terra cujas riquezas deveriam ser extraídas em benefício da Coroa, em que deveriam ser retirados do solo abundantes benefícios, sem que isso implicasse maiores sacrifícios. Desde o início, a colonização do Brasil teve essas características extrativistas e foi uma engrenagem fundamental na sustentabilidade do mercantilismo do estado português. A confusão entre o patrimônio do Estado e da casta governante foi, portanto, um “vício de origem”, de que não conseguimos nos livrar, delineando esse sistema econômico perdulário e corrupto, a que se deu o nome de patrimonialismo, cujas características marcantes são a irracionalidade e a ineficiência.
Se hoje causa assombro a magnitude dessa corrupção, que fincou profundas raízes no caráter nacional, é porque esquecemos que ela tem raízes antigas. O Império e a República não eliminaram essas raízes, que se alimentam das correntes subterrâneas da história brasileira. A ideia de que não há taxação sem representação nunca foi parte integrante da lógica de governo da burocracia patrimonialista, sendo que, até hoje, o Estado brasileiro atua como se não houvesse limites para a invasão gananciosa do Fisco. A construção de um verdadeiro Estado de Direito no Brasil não somente foi algo inteiramente incompreendido entre nós, mas ainda parece ser algo quase utópico.
O alto grau de estatização que conheceu a economia brasileira a partir das políticas econômicas intervencionistas e desenvolvimentistas, iniciadas nos anos 30, aperfeiçoadas nos tempos da ditadura e continuadas nos governos “democráticos”, fez crescer exponencialmente essa promiscuidade entre o capital privado e a “coisa pública”, sendo os escândalos de corrupção uma constante desde pelo menos os anos 70, e até pensávamos ter atingido um limite no caso do Mensalão, quando estourou o escândalo bilionário da Petrobras, no qual fica patente o conúbio entre a corrupta burocracia patrimonialista, cada vez mais entrelaçada com a partitocracia que impera no Brasil, e o capital beneficiário do protecionismo estatal.
A corrupção é inerente ao exercício do poder do Estado, especialmente no Brasil, em que políticos e burocratas usam costumeiramente os cargos públicos como trampolim para o enriquecimento pessoal. Portanto, insistir no papel preeminente do Estado no desenvolvimento econômico só pode significar o aumento da fatia a ser desviada para sustentar esse sistema de corrupção que é intrínseco ao patrimonialismo brasileiro, em que a “coisa pública” se transformou numa espécie de “coisa nostra”.