qual a intenção comunicativa de uma tese doutorado?
Soluções para a tarefa
Intencionalidade comunicativa
O interesse pelo estudo da capacidade de
comunicação intencional e pela análise das primeiras
condutas comunicativas pré-linguísticas infantis
fortaleceu-se a partir da década de 1970, com estudos
que buscavam encontrar relações evolutivas entre a
comunicação pré-verbal e a comunicação linguística,
além daqueles que investigavam a ontogênese da
comunicação. Esses trabalhos assinalavam como sendo
o marco do desenvolvimento comunicativo o surgi-
mento da habilidade de comunicação intencional em
bebês já no primeiro ano de vida (Bates et al.,1987;
Brazelton, 1979; Bruner, 1975; Halliday, 1979; Harding &
Golinkoff, 1979; Trevarthen, 1979). As pesquisas relaciona-
das à área sociocomunicativa e pragmática centram
suas formulações na importância dessa dimensão da
linguagem para uma análise mais detalhada e global,
ressaltando o pressuposto de que a linguagem deveria
ser analisada num contexto de ação e, portanto, nas
interações sociais efetivas.
Sarriá (1991) expõe uma retrospectiva nessa área
ao destacar a influência do enfoque interacionista na
psicologia evolutiva e o crescimento dos estudos na
área pragmática no campo da psicolinguística como
elementos decisivos para o impulsionar de programas
de investigação em torno da comunicação intencional
e sua emergência durante a infância. Para Sarriá (1991,
p.360) autora, “... a importância concedida pelos enfoques
pragmáticos à intenção do falante, à função da emissão
e ao contexto no qual se produz enfraqueceu a tese da
especificidade das capacidades linguísticas e de seu
desenvolvimento e levou a conceber o desenvolvi-
mento da linguagem como integrado ao desenvolvi-
mento de uma capacidade comunicativa mais geral”. É
nesse contexto que aumenta o interesse pelo estudo
da competência comunicativa e pela ideia de que a
linguagem deve ser tratada essencialmente como uma
forma de ação num contexto real e intersubjetivo (Austin,
1990).
Ainda segundo Sarriá (1991), o enfoque na di-
mensão pragmática conduziu à defesa do estudo da
linguagem como instrumento de comunicação, reper-
cutindo em programas de intervenção psicológica e
redimensionando os objetivos de investigações no cam-
po da psicopatologia infantil com o estudo de alterações
graves na comunicação, tais como o autismo. Sarriá
(1991) menciona que o primeiro estudo empírico sobre
intenção comunicativa foi realizado em 1973 por Susan
Sugarman, que identificou a comunicação intencional
como a coordenação, por parte da criança, das ações
dirigidas a um objeto externo e a outra pessoa, visando
satisfazer seus objetivos. Em outras palavras, a criança
que capta a atenção do adulto e lhe transmite seu de-
sejo está utilizando dele como meio para alcançar um
fim associado a um objeto. Além dessa investigação,
podem ser citados os estudos realizados por Dore (1974),
Halliday (1979), Harding e Golinkoff (1979) e Bruner (1975),
os quais constituem marcos no estudo da dimensão
intencional e comunicativa da linguagem, também ins-
pirados na noção de atos de fala de Austin (1962/1990)
e Searle (1969/1995).
Os estudos que se detêm sobre essa temática
derivam, ainda, de um conjunto de pressupostos que
se apóiam, principalmente, (a) na influência do modelo
sociocultural de Vygotsky e Luria; (b) nos trabalhos
recentes no campo da neuropsicologia do desenvolvimento.