História, perguntado por dudinhaktp7dxyk, 1 ano atrás

Qual a importância de um mito

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Respondido por guerreiroclash1
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Infelizmente, nos dias atuais, a palavra “Mito” vem sendo utilizada para designar uma mentira. É muito comum hoje em dia as pessoas comentarem “isso é só um mito” quando querem apontar uma mentira. Essa degeneração etimológica, impulsionada pela mídia, vem empobrecendo o entendimento do real significado do Mito e do seu valor incalculável, ou seja; a busca por uma melhor compreensão de nós mesmos, do nosso mundo e da própria existência e além dela.

A palavra Mito vem do grego “Mythos” e significa “palavra”, “discurso” ou “narrativa”. Antítese de “Logos”, usado para designar a forma objetiva, racional, para descrever um acontecimento. Desde a antiguidade os filósofos, em sua maioria, buscam a Verdade através do “Logos”, “Razão”, ao contrário dos poetas, artistas e contadores de histórias, que sempre buscaram a Verdade usando “Mythos”, a Metáfora, para dizer o indizível, para experimentar o sobrenatural.

É interessante, dentro da etimologia, lembrarmos que a palavra “Bythos”, muito próxima a “Mythos” significa “Abismo”, “Profundidade”, “Pai”, “Deus”. “Bythos Sigé” é “Abismo do Silêncio”, o mesmo que “Vácuo Quântico”, é como a Física Quântica intitula Deus.

Mitos são considerados Histórias Sagradas, isso porque eles são responsáveis pelo nosso relacionamento com o Divino, o inexplicável ou o desconhecido, com aquilo que está além da nossa compreensão lógica; paralelo aos “Contos de Fadas”, são como cápsulas do Tempo, preservando a Sabedoria antiga. Mitos são como espelhos refletindo as nossas angústias, os nossos medos, desejos e necessidades, seja em um nível pessoal ou coletivo. Mito é a própria expressão da imaginação humana. Jamais uma “mentira”.

A religião, como a conhecemos hoje, é a má interpretação do Mito; tornou-se o que é devido a sua corrupção dentro da esfera simbólica e sagrada. Isso ocorre quando o Homem tenta aprisionar uma expressão, um ensinamento metafórico antigo, dentro de uma gaiola literal, com regras rígidas que sufocam, corrompem e podem matar a Sabedoria contida em cada história. E quando essa atitude de racionalizar o Mito é levada ao extremo, nasce o fanatismo.

Penso que Mitologia deveria ser uma matéria curricular nas escolas, anulando aquela ideia tacanha de se “ensinar religião”, para que essas “histórias sagradas” sejam analisadas como devem ser, e que cada indivíduo, cada aluno em classe, tenha oportunidade de buscar o seu significado particular e, mais importante ainda, vivenciar uma experiência com o desconhecido, o inefável, com aquilo que não se pode dizer em palavras sem ficar limitado. Afinal, como disse Joseph Campbell é uma “literatura do Espírito”, da qual já não estamos mais tão familiarizados assim. Isso acontece com a Literatura em geral (ela está deixando de nos ser familiar) e a belíssima herança que ela nos deixou através de Poetas, Filósofos, Romancistas, contistas e tantos outros.

Dedicar-se a isso é voltar-se para dentro de nós mesmos e encontrar o nosso Centro, e é justamente esse retorno para dentro de nosso ser que essas “histórias sagradas” nos proporcionam. Sem essas referências, perdemos o nosso Centro, nosso Axis Mundi, e quando isso acontece, sofremos. Toda crise existencial é em sua essência uma crise espiritual.

A linguagem usada na Astrologia, por exemplo, além dos cálculos matemáticos, é a dos símbolos propriamente ditos, dos arquétipos (a essência de cada coisa, o modelo original) e por isso mesmo ela está fundamentada nos mitos, se utilizando dessas “histórias sagradas” para buscar e traduzir, para o nosso cotidiano, toda a nossa experiência humana, universal, os grandes dramas humanos, que vivenciamos ao longo de nossa existência.


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