Qual a importância da resistência indígena?
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Resposta:
Pesquisa coordenada pelo professor do curso de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (campus Parintins), Lucas Milhomens, aponta a importância dos movimentos sociais, sobretudo as entidades e organizações indígenas, na construção de redes de articulação, proteção e visibilidade para os povos originários durante a maior crise sanitária do último século, ocasionada pela pandemia de covid-19.
O projeto é uma pesquisa interdisciplinar financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), e conta com a participação de especialistas nas áreas de sociologia, antropologia, educação e comunicação, além de acadêmicos da Ufam. As atividades começaram em 2020 e inicialmente tinham como objetivo central mapear os movimentos sociais e seus processos comunicacionais na região conhecida como ‘Baixo Amazonas’.
Com o avançar da crise sanitária sem precedentes no estado, os trabalhos foram readequados metodologicamente e outras prioridades surgiram. “No decorrer de nossas análises, fomos acometidos pela pandemia do coronavírus e isso mudou tudo. Percebemos que uma das populações mais atingidas no Amazonas foram os povos indígenas. Com a falta de políticas públicas eficientes e a ausência de uma rede de proteção social e de saúde, o que está acontecendo a essas populações é um verdadeiro genocídio. Em nossa análise, observamos que este cenário fez com que grupos que já atuavam com a questão indígena ampliassem suas ações, fortalecendo o que chamamos de “redes de mobilização”, agindo diretamente para a proteção e o combate aos efeitos da pandemia, trabalho esse protagonizado pelos próprios indígenas”, conta o professor.
Os resultados parciais do estudo apontam que existe uma “rede de mobilização indígena” que está se consolidando à medida que promove e fortalece o enfrentamento aos impactos da pandemia entre suas populações, muitas delas vivendo em áreas rurais de difícil acesso. Outro fator detectado pela pesquisa diz respeito as críticas que lideranças e representantes de organizações e entidades têm feio aos governos federal e estadual pelas medidas ineficientes de combate a pandemia entre os indígenas. Um exemplo foi a demora no atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS) para a população ‘não aldeada’ do estado, especificamente aqueles que vivem nos centros urbanos, como os que moram em Manaus. Outra situação preocupante é a não inclusão desse público como prioritário para a vacinação, ação fundamental para a diminuição da doença e que começou em fevereiro último, o que deixa milhares de indígenas em situação de extrema vulnerabilidade.