Qual a importância da política?
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“ Na conversa diária, usamos a palavra política de diversas formas que não se referem necessariamente a seu sentido fundamental. Assim, sugerimos a alguém que seja "mais político" na sua maneira de agir, ou nos referimos à "política" da empresa, da escola, da Igreja, enquanto formas de exercício e disputa do poder interno.” (ARANHA, MARTINS, 2009).
“Há também o sentido pejorativo da política, dado pelas pessoas desencantadas diante da Corrupção e da violência, associando-a à "politicagem", falsa política em que predominam os interesses particulares sobre os coletivos.” (ARANHA, MARTINS, 2009).
Tendo em vista a variedade de usos e interpretações que o termo política pode assumir, a filosofia vem, à recurso do esclarecimento, fornecer elementos para pensarmos na política de forma mais abrangente.
Então... afinal, o que é política?
“Explicar em que consiste a política é outro problema, pois, se acompanharmos o movimento da história, veremos que essa definição varia e toma nuances as mais diferentes conforme a época, assim como variam as expectativas a respeito de como deve ser a ação do político.” (ARANHA, MARTINS, 2009).
“O termo política vem do grego politeía (que, por sua vez, deriva de polis, “cidade-Estado”) e designa, desde a Antiguidade, o campo da atividade humana que se refere à cidade, ao Estado, à administração pública e ao conjunto dos cidadãos. Refere-se, portanto, a uma área específica das relações existentes entre os indivíduos de uma sociedade.” (COTRIM, FERNANDES, 2010)
“O conceito grego de política como esfera de realização do bem comum tornou-se clássico e permanece até nossos dias, mesmo que seja como um ideal a ser alcançado. Por sua vez, o conceito moderno de política – conforme assinalou o filósofo político italiano Norberto Bobbio (1909-2004) – está estreitamente ligado ao de poder. Essa ligação é enfatizada na célebre definição dada pelos cientistas políticos Harold Dwight Lasswell e Abraham Kaplan em sua obra Poder e sociedade, segundo a qual a política é o processo de formação, distribuição e exercício do poder.” (COTRIM, FERNANDES, 2010).
“A política trata das relações de poder” (ARANHA, MARTINS, 2009), o qual pode ser definido como “a capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos. O poder supõe dois polos: o de quem exerce o poder e o daquele sobre o qual o poder é exercido. Nesse sentido, o poder um conjunto de relações pelas quais indivíduos ou grupos interferem na atividade de outros indivíduos ou grupos” (ARANHA, MARTINS, 2009).
Segundo o filósofo Luiz Felipe Pondé (2016), “a política deve organizar essa coisa violenta chamada poder.”
Nicolau Maquiavel afirma que necessitamos da política para que os conflitos de interesses se resolvam sem recurso à violência. Para que nossas forças se somem ao invés de se oporem. Para escapar da barbárie. O que é política? Bem, é a gestão não guerreira dos conflitos, das alianças e das relações de força. É, portanto, a arte de viver junto com outras pessoas, as quais não escolhemos, pelas quais não temos nenhum sentimento particular e que são, sob muitos aspectos, nossa rivais, tanto quanto ou mais até que aliados. Isso supõe choques, mas sujeitos a regras, compromissos, mas provisórios, um acordo enfim sobre a maneira de solucionar os desacordos. Fora disso, só haveria a violência, e é isso que a política, para existir, deve impedir antes de mais nada.
Já para Aristóteles, além de ser um meio e uma técnica para gerir as relações da sociedade, é algo que, por esse mesmo motivo, tem por finalidade a felicidade coletiva. Sendo para o filósofo, a política não um instrumento de luta, mas sim um meio pelo qual as diferentes partes da sociedade possam viver em harmonia.
“Para responder as diferentes formas assumidas pelas lutas de classe, a política e inventada de um modo que, a cada solução encontrada, um novo conflito ou uma nova luta podem surgir, exigindo novas soluções. Em lugar de reprimir os conflitos pelo uso da forca e da violência das armas, a política aparece como trabalho legitimo dos conflitos, de tal modo que o fracasso nesse trabalho e a causa do uso da forca e da violência.” (CHAUI, 2012).
“O que procuramos apontar não foi a criação de uma sociedade sem classes, justa e feliz, mas a invenção da política como solução e resposta que uma sociedade oferece para suas diferenças, seus conflitos e suas contradições, sem escondê-los sob a sacralização do poder e do governante e sem fechar-se a temporalidade e as mudanças.” (CHAUI, 2012).