História, perguntado por gustoloco81, 10 meses atrás

qual a importância da inconfidência mineira e a conjuração baina para o processo de independência do Brasil?

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Respondido por gitfem
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Resposta:

A Inconfidência Mineira ocorreu em 1789 e a Conjuração Baiana, em 1798. Os dois movimentos são caracterizados por ocorrer em um período de crise, no final do período colonial, em que foram denominados movimentos de contestação ou movimento “emancipacionista”, pois eram contra o processo de desenvolvimento da época.

Algumas características que são semelhantes nos dois movimentos são:

A indignação com os altos impostos;

A influência do Iluminismo em seus movimentos;

Ausência de sentimento nacionalista.

Essas aproximações ocorreram pois haviam muitas imposições da coroa portuguesa sobre a colônia, o que gerava problemas administrativos e muita exploração dos colonos.

Porém, algo que separava as duas revoltas era a questão da escravidão. No caso da Inconfidência Mineira, por ser um movimento mais elitista, não colocaram em pauta essa discussão, pois iria prejudicar boa parte dos integrantes. O movimento baiano colocou esse assunto em vigor e se espalhou por outros setores populares que eram favoráveis à abolição.

Explicação:

Vistas como as duas mais expressivas revoltas do tempo colonial, a Inconfidência Mineira de 1789 e a Conjuração Baiana de 1798 ficaram conhecidas como as duas revoltas que defendiam a extinção do pacto colonial. De fato, as imposições lusitanas e a falta de interesse pelo desenvolvimento da economia interna motivaram mineiros e baianos a conspirar contra o domínio de Portugal. Além disso, essas duas revoltas foram ideologicamente sustentadas pelas noções dos escritos iluministas.

Apesar de terem sido frustradas pelas autoridades, a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana foram marcadas por profundas diferenças. Os participantes da revolta em Minas Gerais eram todos ligados às elites locais e pretendiam melhorar sua situação com a formação de um governo livre dos impostos e representantes do poderio metropolitano. Até mesmo o alferes Tiradentes, segundo alguns pesquisadores, tinha uma condição financeira relativamente confortável.

Na Bahia, a conjuração, inicialmente, teria características muito semelhantes à da revolta que aconteceu em Minas Gerais. A elite local pretendia conduzir a tomada do poder conclamando os populares a lutarem contra seus opressores. Contudo, as condições miseráveis e as propostas de transformação disseminadas anonimamente por panfletos e pasquins instigaram os populares a tomarem conta do movimento. Mulatos, escravos, brancos pobres e negros libertos se transformaram em cabeças do levante.

A perda da condição de capital e a crise da economia açucareira atingiram uma população que sofria o mais amplo leque de privações. A falta de alimentos e emprego já eram notados nos pequenos ataques feitos contra a Câmara em razão do aumento dos preços e o desenvolvimento de outros problemas. Paralelamente, a realização de saques aos armazéns e o incêndio do Pelourinho mostraram que uma necessidade de mudança partia da população mais humilde.

No conjunto de reivindicações elaborado pelos conjurados da Bahia podemos perceber o tom popular dessa manifestação de descontentamento para com as autoridades metropolitanas. A transformação do sistema tributário, o incremento do salário dos militares de baixa patente, a liberdade comercial, a ampliação dos direitos políticos e o fim da escravidão definiam o contraste dessa revolta com a Inconfidência Mineira.

Mesmo não buscando a libertação de todo o ambiente colonial, podemos perceber que a Conjuração Baiana mostra outro lado pouco visto na historiografia do nosso país. A insatisfação daqueles que eram excluídos indica que as injustiças daquele tempo não foram sentidas de maneira passiva pelos desprivilegiados. Em contrapartida, o elitismo da Inconfidência Mineira demarca as contradições de uma elite incapaz de abrir mão de seus interesses para a construção de uma nova sociedade.

Por Rainer Sousa

Mestre em História

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