qual a diferença entre o iluminismo no Bradil é na Europa ?
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Quando estudamos a chamada época moderna, ou Idade Moderna, período que corresponde, didaticamente falando, a um espaço de aproximadamente quatro séculos (século XV ao século XVIII), percebemos que diversos autores tratam o século XVIII como sendo a época em que houve o ápice do racionalismo e do cientificismo, iniciados com o Renascimento científico e cultural dos séculos XV e XVI. Esse “ápice” teria ocorrido em virtude do Iluminismo, movimento de ideias que deu ao século XVIII o epíteto de “Século das Luzes”. Essa impressão de continuidade e de progresso que temos da Época Moderna não é totalmente errada. Entretanto, tal impressão nos foi dada pela corrente iluminista da França, que via a si própria como expoente da Razão em seu estágio mais avançado. O problema é que o Iluminismo não se restringiu somente à corrente francesa. Houve outras duas muito importantes, a britânica e a americana, ou estadunidense. Para sabermos o que é o Iluminismo de fato, é preciso que nos atenhamos ao conjunto dessas três correntes.
O Iluminismo francês foi a corrente que se tornou mais popular e acabou dando-nos a própria imagem que temos da Época Moderna, isto é, uma época de progresso, de avanços científicos e de crença na “razão”. Apesar de ter recebido bastantes influências do racionalismo clássico do século XVII, sobretudo aquele desenvolvido por Descartes, os expoentes do iluminismo francês tiveram na ciência moderna, começada efetivamente por Galileu e aperfeiçoada e teorizada por Newton, o seu principal modelo. Era nos sistemas filosófico-científicos de Newton que filósofos como Voltaire viam a “unidade” e “inexorabilidade” da “razão”. A “razão” era a faculdade para a qual convergia o destino da humanidade. Por meio dela, todo progresso, segundo os franceses, poderia ser alcançado. Como diz o filósofo alemão do início do século XX, Ernst Cassirer, em sua obra A filosofia do Iluminismo:
O século XVIII está impregnado de fé na unidade e imutabilidade da razão. A razão é una e idêntica para todo o indivíduo pensante, para toda a nação, toda época, toda cultura. De todas as variações dos dogmas religiosos, das máxima e convicções morais, das ideias e dos julgamentos teóricos, destaca-se um conteúdo firme e imutável, consistente, e sua unidade e sua consistência são justamente a expressão da essência própria da razão. [1]
Newton, ao contrário de Descartes, não partiu de axiomas, de princípios universais em direção ao conhecimento daquilo que era particular. Ao contrário, partiu dos fenômenos, dos dados empíricos observáveis e particulares e, por meio da análise deles, chegou até conceitos universais – como o de força gravitacional. Essa característica teórica de Newton, de procurar chegar ao uno, ao geral, por meio de análises empíricas, deu segurança para os filósofos franceses do século XVIII extrapolarem o uso da categoria de “razão”.