História, perguntado por 32adriana, 10 meses atrás

Qual a diferença entre negros e indios?

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Respondido por vitoriatoria55p98ixq
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Samuel George Morton, um americano da Filadélfia, morreu, em 1851, convencido de que tinha esgotado o debate sobre a diferença fundamental entre as raças humanas. E não era o único a acreditar nisso. No dia de sua morte, o jornal The New York Tribune, consagrou uma manchete ao cientista americano de maior autoridade junto à comunidade internacional. Mas o mérito tinha uma boa razão de ser. Afinal, Morton foi o primeiro cientista do mundo a utilizar métodos considerados objetivos, e portanto indubitáveis, para comprovar uma tese até então formulada em bases puramente retóricas. Durante mais de vinte anos, Morton se dedicou a colecionar crânios humanos mais de mil de inúmeras populações e passou boa parte de sua vida enchendo cada um deles, minuciosamente, com grãos de mostarda-branca peneirada: depois de preenchida a cavidade craniana, ele despejava os grãos num cilindro de vidro, graduado em polegadas cúbicas, e assim obtinha a medida do encéfalo de cada um dos espécimes com absoluta precisão. Mais tarde, ele substituiria a mostarda por granalha de chumbo, cujos grãos mais homogêneos não deixariam pairar dúvidas sobre suas medições. Tanto esforço foi recompensado: Morton conseguiu demonstrar que a capacidade dos crânios teutônicos ou germânicos se elevava a 90 polegadas cúbicas, enquanto a dos australianos ou aborígines não passava de 75 polegadas. Entre os dois extremos se encontravam, em ordem decrescente, todos os outros caucasianos, seguidos dos mongólicos, dos indígenas americanos e, finalmente, os negros. Ou seja, ele estabeleceu uma explicação biológica para os diferentes estágios de evolução dos povos: quanto maior o crânio, mais evoluído o indivíduo.

Se ainda fosse vivo e visitasse a exposição Todos Diferentes, Todos Parentes, instalada ano passado no Museu do Homem de Paris, Morton certamente estaria fadado a um enfarte fulminante. Lá, diante da tela de um computador, veria crianças remontando aquilo que lhe custou os melhores anos de sua existência para separar. Diariamente, centenas de jovens e curiosos em geral se divertem na mostra a mais visitada de 1992 e aberta até 1994 criando homens inimagináveis, numa miscelânea que inclui os mais variados tipos de cabelo, olhos, rosto ou mesmo o tamanho do nariz.

Essa brincadeira se confunde com a própria explicação da origem do homem moderno, o Homo sapiens sapiens: a de que, ao contrário do que pensava Morton, as diferenças físicas, tão gritantes a nossos olhos, não passam de detalhes na história de uma espécie que, embora numerosa e espalhada por todo o mundo, em última análise provém de um único ancestral Geraldo de Moura Filho. As aparências enganam. O sentido da visão tem um papel primordial nas percepções humanas, enquanto várias espécies de animais que diferem na cor dos pêlos ou da pele parecem não dar a menor importância a isso, brinca o francês André Langaney, chefe do laboratório de Biometria de Genética da Universidade de Genebra.

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