quais são os problemas e desafios da nigéria?
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"Mudança", foi a palavra presente nos outdoors, aclamada pelos partidários de Muhammadu Buhari na campanha e entoada entre os apoiantes do seu partido, o Congresso de Todos os Progressistas. E resultou. Buhari conquistou dois milhões e meio de votos a mais que Jonathan, cuja campanha foi focada na continuidade da sua “agenda de transformação”.
O comentador político nigeriano Chris Ngwodo diz que o slogan do presidente eleito foi uma poderosa ferramenta. “Não havia dúvida sobre o argumento da mudança, em termos de substituir o então presidente pelo candidato agora eleito. Buhari representou a despedida do Governo anterior, tanto a nível do estilo, como em substância e no temperamento”, afirma Ngwodo.
Agora, o candidato terá de cumprir o prometido. As promessas de Buhari incluem colocar um fim à insurgência do Boko Haram, que assombra o nordeste do país com o seu objectivo de impor as estritas leis islâmicas. Ele também prometeu acabar com a corrupção e implementar um sistema de saúde pública universal.
"Quando assumir o cargo em Maio, Buhari herdará um Governo que está a pedir dinheiro emprestado para pagar as suas contas e que ainda não aprovou o orçamento de 2015", diz Chuba Ezekwesili, pesquisador da Cimeira Económica da Nigéria.
Promessas de investimento social, como na saúde pública, podem não ser implementadas, de acordo com vários analistas.
“A maior parte do nosso orçamento destina-se a gastos recorrentes, que são usados para pagar salários. Então, se estamos a ponto de pedir emprestado dinheiro do Banco Mundial para pagar os salários de 2015, que dizer estamos numa situação complicada”, reitera Ezekwesili.
Grande parte da campanha do novo presidente Muhammadu Buhari foi centrada no combate ao grupo radical Boko Haram. Nas últimas semanas, os militares nigerianos, com a ajuda de assessores estrangeiros e tropas de países vizinhos, expulsaram os militantes da maioria das cidades que eles controlavam no nordeste do país.
Dawn Dimowo, analista nigeriano da consultoria Africa Practice, considera que cabe a Buhari definir como acabar definitivamente com o grupo.
“Talvez isso pode passar por criar algo parecido com uma Comissão do Delta do Níger, para falar sobre questões específicas daquela região do país. É necessária alguma estrutura que lide realmente com os problemas específicos, quais são as questões e dificuldades que permitiram que um grupo hostil como esse se desenvolvesse e ganhasse seguidores lá”, conclui.
Qualquer solução encontrada terá de enfrentar os problemas sociais económicos da Nigéria, que, segundo Dimowo, são os reais motivos da rebelião. Entretanto, aquele especialista alerta que, como há pouco dinheiro disponível, o novo Presidente terá de aguardar alguma tempo para lidar com essas questões de segurança do país.