Quais são os antibióticos usados na profilaxia?
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QUAIS OS PRINCÍPIOS GERAIS DA PROFILAXIA ANTIBIÓTICA ANTES DE INTERVENÇÃO CIRÚRGICA?
Uma das complicações importantes do ato cirúrgico é a infecção. Vários fatores estão associados a ela: obesidade, idade avançada, potencial de contaminação da cirurgia, doenças de base como diabetes mellitus, infecção à distância e principalmente a técnica operatória do cirurgião. As cirurgias são classificadas quanto ao seu potencial de contaminação em: limpas (eletivas sem invasão de mucosas ou outro trato colonizado), potencialmente contaminadas (atingem mucosas, trato digestivo ou genital feminino ou colo com preparo), contaminadas (envolvimento de tecidos altamente contaminados) e infectadas (tecidos com infecção). O risco de infecção é tanto maior quanto maior é o potencial de contaminação. A profilaxia antibiótica em cirurgia tem como objetivo a redução do risco de infecção em sítio cirúrgico. Não é concebida para prevenir outras infecções pós-cirúrgicas como pneumonia ou de trato urinário. Considera-se que o momento principal da contaminação da ferida operatória é durante o ato operatório. Assim, deve haver um bom nível sérico e tecidual no momento da incisão que dure até o final do ato operatório. Por outro lado, a instituição muito precoce de antibiótico com finalidade profilática levará à seleção de flora microbiana do paciente contribuindo para a ineficácia do esquema antimicrobiano. Habitualmente não se utiliza a profilaxia antimicrobiana nas cirurgias limpas em que o risco de infecção é baixo. A exceção é o seu uso em cirurgias limpas com colocação de prótese. A profilaxia é geralmente indicada para cirurgias potencialmente contaminadas ou contaminadas. No caso de cirurgias infectadas, faz-se o tratamento do processo infeccioso. Assim, os princípios básicos da profilaxia antibiótica em cirurgia são: a) Utilizar sempre a via endovenosa; b) Iniciar o esquema profilático durante a indução anestésica (em obstetrícia a primeira dose é dada após o clampeamento do cordão umbilical); c) Manter as doses suplementares durante todo o ato operatório; d) Suspender a profilaxia após o final do ato operatório ou, no máximo, com 24 horas de uso.
Na maioria das indicações utiliza-se cefalosporinas de primeira geração (cefazolina, inicial 1 a 2g, e 1 g 6/6 h). No caso das cirurgias que envolvem o trato gastrointestinal, a droga mais utilizada é a cefoxitina (inicial 1 a 2 g e 1 g 4/4h). Evita-se o uso profilático de drogas importantes para a terapêutica. Quando ocorre uma infecção pós-cirúrgica a droga utilizada para tratamento deve ser diferente da utilizada para a profilaxia. Não há benefício em prolongar a profilaxia além de 24 horas que, pelo contrário, aumenta o risco de infecção.
Por fim, é importante que o uso de antimicrobianos não seja a principal medida para a prevenção de infecção do sítio cirúrgico. Diagnosticar e tratar infecções à distância antes da cirurgia, corrigir ou compensar doenças de base, fazer um bom preparo pré-operatório e antissepsia de pele e utilizar uma técnica cirúrgica primorosa são medidas fundamentais.