Quais são grupos sociais envolvidos no processo de resistência e adesão do Pará à Independência?
Soluções para a tarefa
Até o começo da segunda metade do século XIX, a Amazônia tinha a sua sede em Belém; o que hoje corresponde ao atual Estado do Amazonas ainda era subordinado, como capitania, ao Pará. As autoridades portuguesas, que sempre dedicaram uma atenção muito especial a esta região, tinham bases administrativa e econômicas muito sólidas. Proclamada a Independência do Brasil, em 1822, poucos reflexos o fato despertou no território paraense. Apenas alguns idealistas pugnavam pela separação de Portugal. Mas, sem a ajuda do novo Império, nada poderiam fazer contra as forças militares sediadas em Belém, que continuavam fiéis a Portugal. As oposições entre grupos civis e militares se fazia no meio da nova vida política com eleições para as Juntas e com a presença dos líderes. A vida no Pará foi marcada, durante uns 14 anos, por diversas rebeliões e acontecimentos dramáticos.
Em 1823 nas eleições são vitoriosos os partidários da emancipação política da Colônia. Os defensores da vinculação do Pará à metrópole portuguesa tentaram anular a eleição, mas sem sucesso. Em março deste mesmo ano, a tropa prende os membros da Junta e restabelece uma Junta favorável aos interesses de Portugal. Em abril de 1823 há a revolta em Belém e Muaná dando apoio à Independência do Brasil e do Pará.
O sentimento separatista se refletiu por ocasião das eleições realizadas para a primeira Câmara Constitucional de Belém, no dia 25 de fevereiro de 1823. Vereadores brasileiros foram eleitos, enchendo de espanto e revolta o comandante das Armas, general José Maria de Moura, e seguidores de sua linha de fidelidade ao governo português. Os descontentes reuniram-se a fim de ser estudada uma atitude a tomar. Foi concedido o plano de anular o pleito. No dia primeiro de março, o coronel João Pereira Vilaça mandou prender, em suas próprias residências, os componentes da Junta, restabelecendo a antiga Câmara, composta de conservadores. Os detidos foram deportados para diversos pontos do interior amazônico. O líder Batista Campos escapou, escondendo-se na mata próxima de Belém.
Contudo os partidários da Independência não haviam desistido, e tiveram início reuniões secretas, principalmente na casa de um italiano, de nome João Balbi, na rua do Laranjal. Os membros trataram em conseguir apoio militar, que veio através do capitão Domiciano Ernesto Dias Cardoso, do capitão Boaventura Ribeiro da Silva, entre outros. Os conspiradores acertaram o movimento para a madrugada do dia 14 de abril. Ao amanhecer, o 1º regimento surgiu à rua Santo Antônio. Vinham à frente, o comandante das Armas, José Maria de Moura, o coronel Vilaça e o Coronel Francisco José Rodrigues Barata (bisavô de Magalhães Barata). Houveram instantes de indecisão entre os revoltosos, pois até então não havia violência nem mortes. O cadete Bernal do Couto quis disparar uma peça de artilharia. Porém, Boaventura da Silva o impediu. Desta forma, a revolta nacionalista fracassara. Todos os revoltosos foram presos e recolhidos à Fortaleza da Barra (os oficiais) e à cadeia pública (os civis). Entre os civis estavam Bernardo de Souza Franco, cônego Jerônimo Pimentel, José Pio de Araújo Nobre, Honório José dos Santos, Manoel Evaristo da Silva, João Balbi, etc.
Após o julgamento foram condenados à morte. Porém, interferências de pessoas influentes (como o bispo D. Romualdo Coelho), fizeram com que a pena se transformasse em prisão e degredo. Para isto, transferiram-nos para Lisboa. Muitos dos que sobreviveram retornaram ao Pará após a adesão à Independência do Brasil.
Adesão do Pará à Independência
O Lord Cochrane, após de se conseguir, no final de 1823, a adesão do Maranhão à Independência do Brasil, voltou à Amazônia, o último reduto português no Norte. Incumbiu o capitão John Pascoe Greenfell para desempenhar a missão. Comandando o brigue (navio a vela) “Maranhão”, com uma tripulação de 96 homens, no dia 5 de agosto, Greenfell tomou rumo ao Pará.
No dia 11, Greenfell enviou à Junta o oficio de Lord Cochrane, avisando que o Brasil, do Sul ao Maranhão, encontrava-se sob o governo de D. Pedro I; faltava apenas o Pará para que a nação ficasse independente. A notícia de que a esquadra de Cochrane se encontrava fora da barra e que se emissário se achava perto da ilha Periquitos, alvoroçou Belém. Foi convocado o Conselho, para discutir o assunto. Após algumas horas de debates, o Conselho decidiu aderir à Independência, contra os votos do general Moura. Lavraram uma ata e enviaram-na a Greenfell. Desta forma, a data de adesão do Pará à Independência do Brasil é 11 de agosto; no entanto, é festejada no dia 15, em virtude de nesse dia ela ter sido oficializada.