quais são as regiões do Brasil que tem os maiores vazios demográficos?
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Um Brasil povoado no litoral e vazio no interior: é o que mostra o mapa de Densidade Demográfica de 2010, uma imagem detalhada da distribuição espacial da população brasileira no território nacional, a partir dos resultados do Censo Demográfico 2010. Ele revela as enormes diferenças encontradas nas formas de povoamento do país, sendo um registro e um elemento fundamental para a discussão da geografia atual e das estratégias futuras de apropriação e uso do território brasileiro. Para sua elaboração, foram hierarquizadas 10 classes de densidades demográficas, permitindo-se identificar desde setores de baixíssima densidade populacional (até 1 habitante/km²) até aqueles de densidade mais elevada (100 hab/km² em diante). O mapa utilizou a escala 1:5.000.000 (1 cm = a 50 km), que constitui a dimensão de um mapa mural.
População brasileira se concentra nas zonas litorâneas
O mapa revela que as maiores densidades demográficas - acima de 100 hab/km² -, estão situadas no entorno de São Paulo, do Rio de Janeiro e de eixos espaciais intensamente urbanizados, como a região do Vale do Paraíba e as áreas litorâneas ou próximas ao extenso litoral brasileiro, consequência de um passado que implantou próximo à costa os primeiros e mais estáveis pontos de povoamento.
A implantação da capital federal no interior do país foi responsável, em grande parte, pelos demais pontos de maior densidade demográfica fora das áreas próximas ao litoral, localizados entre o eixo formado por Brasília e Goiânia – e que atualmente começa a se articular longinquamente com Cuiabá. As capitais planejadas de Belo Horizonte e Teresina também interiorizaram grandes manchas urbanas nas regiões Nordeste e Sudeste, enquanto Manaus se identifica como uma extensa mancha urbana situada em posição central na Região Norte e na Amazônia sul-americana.
Condições naturais e produção de commodities agrícolas respondem por baixas densidades demográficas no Norte e Centro-Oeste
As extensões territoriais de densidades demográficas mais baixas (até 1 hab/km²) abrangem os estados da região Norte e Centro-Oeste, além de áreas do interior nordestino, como o oeste baiano e o sul do Maranhão e Piauí. Áreas contíguas a essa mancha nordestina, situadas no noroeste mineiro, e manchas descontínuas situadas no sudoeste mineiro e nos Pampas gaúchos, de tradição pastoril, também estão dentre as áreas de menor povoamento.
Essa vasta porção do território brasileiro de densidades populacionais muito baixas encobre uma grande diversidade geográfica, seja associada mais diretamente às condições naturais, seja à própria dinâmica histórica que alterou funções e usos tradicionais que a sociedade fazia dos espaços menos densos. Nesse sentido, situam-se nas classes de mais baixas densidades populacionais tanto as enormes extensões de cobertura florestal da Amazônia, ainda pouco alteradas pela ação humana e muitas vezes destinadas a Terras Indígenas ou Unidades de Conservação, como as superfícies intensamente apropriadas e comprometidas com a produção de commodities agrícolas do cerrado do Planalto Central, que abrangem áreas não só do Centro-Oeste como do Nordeste oriental.
Essas enormes extensões do país vieram, em grande parte, de um passado pastoril/minerador de baixos índices de ocupação para um presente cuja modernização do processo produtivo gera uma paisagem “vazia”, dominada por intensa mecanização agrícola ou especialização pecuária (Mato Grosso do Sul) associada a uma urbanização dispersa e/ou com cidades linearmente distribuídas ao longo dos rios, como no caso da parte ocidental da Região Norte, ou ao longo das estradas, como no Centro-Oeste e porção oriental da Região Norte.
Zonas de ocupação intermediária encobrem pequenas propriedades rurais e áreas de colonização planejada no Sul e no Nordeste
Entre esses dois extremos, nas classes intermediárias de densidade populacional (de 15 a 100 hab/km), permeia um povoamento relacionado ora às áreas de ocupação agrícola mais intensa, localizadas em zonas úmidas da Região Nordeste, ora às áreas cuja ocupação agropecuária esteve associada a uma malha fundiária de pequenos estabelecimentos rurais, como no noroeste do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina e Paraná.
É também a malha fundiária mais fragmentada responsável pelas densidades um pouco maiores do agreste nordestino e de manchas de pequenos estabelecimentos associados a projetos de colonização públicos e privados distribuídos ao sul do Mato Grosso do Sul, a leste e norte de Mato Grosso e a leste do Pará.