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Resposta:
Explicação:Pandemia de coronavírus é um teste de nossos sistemas, valores e humanidade
Por Michelle Bachelet e Filippo Grandi*
Um jovem refugiado lava as mãos em Mafraq, na Jordânia, onde um sistema de aquecimento movido
a energia solar, instalado com o apoio da IKEA Foundation e da Practical Action, ajuda a fornecer
água quente.
Se nós precisávamos lembrar que vivemos em um mundo interconectado, o novo coronavírus tornou
isso mais claro do que nunca.
Nenhum país pode resolver esse problema sozinho, e nenhuma parcela de nossa sociedade pode ser
desconsiderada se quisermos efetivamente enfrentar este desafio global.
O Covid-19 é um teste não apenas de nossos sistemas e mecanismos de assistência médica para
responder a doenças infecciosas, mas também de nossa capacidade de trabalharmos juntos como
uma comunidade de nações diante de um desafio comum. É um teste da cobertura dos benefícios
de décadas de progresso social e econômico em relação aqueles que vivem à margem de nossas
sociedades, mais distantes das alavancas do poder.
As próximas semanas e meses desafiarão o planejamento nacional de crises e os sistemas de
proteção civil — e certamente irão expor deficiências em saneamento, habitação e outros fatores
que moldam os resultados de saúde.
Nossa resposta a essa epidemia deve abranger e focar, de fato, naqueles a quem a sociedade
negligencia ou rebaixa a um status menor. Caso contrário, ela falhará.
A saúde de todas as pessoas está ligada à saúde dos membros mais marginalizados da comunidade.
Prevenir a disseminação desse vírus requer alcance a todos e garantia de acesso equitativo ao
tratamento. Isso significa superar as barreiras existentes para cuidados de saúde acessíveis e
combater o tratamento diferenciado há muito tempo baseado em renda, gênero, geografia, raça e
etnia, religião ou status social. Superar paradigmas sistêmicos que ignoram os direitos e as
necessidades de mulheres e meninas ou, por exemplo, limitar o acesso e a participação de grupos
minoritários será crucial para a prevenção e tratamento eficazes do COVID-19.
As pessoas que vivem em instituições — idosos ou detidos — provavelmente são mais vulneráveis à
infecção e devem ser especificamente incluídas no planejamento e resposta à crise. Migrantes e
refugiados — independentemente de seu status formal — devem ser plenamente incluídos nos
sistemas e planos nacionais de combate ao vírus. Muitas dessas mulheres, homens e crianças se
encontram em locais onde os serviços de saúde estão sobrecarregados ou inacessíveis.
Eles podem estar confinados em abrigos, assentamentos, ou vivendo em favelas urbanas onde a
superlotação e o saneamento com poucos recursos aumentam o risco de exposição.
O apoio internacional é urgentemente necessário para ajudar os países anfitriões a intensificar os
serviços — tanto para refugiados e migrantes quanto para as comunidades locais — e incluí-los nos
acordos nacionais de vigilância, prevenção e resposta. Não fazer isso colocará em risco a saúde de
todos — e o risco de aumentar a hostilidade e o estigma.
Também é vital que qualquer restrição nos controles das fronteiras, restrições de viagem ou
limitações à liberdade de movimento não impeça as pessoas que possam estar fugindo da guerra ou
perseguição de acessar a segurança e proteção