quais sao as diferenças entre a gripe espanhola e a pandemia de hoje ?
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Resposta:
Existem inúmeras semelhanças entre a pandemia de Gripe ocorrida no início do século XX e a situação que estamos enfrentando atualmente, apesar dos 100 anos que as separam. Mas para entendermos essas similaridades, é preciso lembrar o que foi aquele surto.
A pandemia ocorrida em 1918 e 1919, conhecida como “Influenza Hespanhola”, tem sido considerada uma das mais devastadoras e letais da história. Esta enfermidade alastrou-se por todas as regiões do planeta e deixou o maior número de infectados e mortos, se comparada com as pandemias ocorridas até então. Ela teria vitimado 20 milhões de pessoas em todo o mundo (mas alguns estudiosos falam em 50 milhões de mortos). Em relação ao número de doentes, as dificuldades para o cálculo são ainda maiores e os números, mais assustadores: supõe-se que teriam adoecido pelo menos 600 milhões de pessoas.
“Espanhola” foi a denominação que chegou ao Brasil. Mas na verdade, esta enfermidade acabou recebendo inúmeros nomes diferentes. Os países afetados atribuíam uns aos outros a culpabilidade pela doença. Na Rússia, a doença recebeu o nome de Febre Siberiana; na Sibéria, Febre Chinesa; na França, Catarro Espanhol ou Peste da Senhora Espanhola; na Espanha, foi batizada com o nome de Febre Russa…
Na época, não faltavam notícias dizendo que a doença havia sido uma criação dos alemães. Muita gente acreditava que a moléstia era engarrafada na Alemanha e depois distribuída por seus submarinos, que se encarregavam de espalhar as ditas garrafas perto das costas dos países inimigos. Apanhadas nas praias por gente inocente, espalhava-se assim aquela terrível enfermidade.
A comunidade médica daquele período não conseguiu explicar como uma moléstia branda e tão familiar pudesse estar matando tanto. Desconhecia-se seu agente causador e a forma de contágio (as certezas a respeito de como a gripe é transmitida só vieram à tona na década de 1930). Assim, os médicos puderam fazer pouco para salvar a vida dos doentes. Tudo era feito na base da experimentação.
Um dos remédios utilizados na tentativa de evitar a doença ou curar os doentes foi o quinino (medicamento utilizado originalmente para o combate da malária). Houve uma corrida às farmácias em busca desta substância, seu preço aumentou assustadoramente e o produto acabou se esgotando (situação parecida está sendo vivida atualmente em relação à busca por álcool gel e por máscaras, produtos que não são mais encontrados no comércio).
Considerada até aquele momento uma doença comum e corriqueira, que atacava especialmente idosos (chamada na época popularmente de “limpa-velhos”), a pandemia de 1918 acabou alterando a idade da população afetada. Morreram principalmente homens adultos, entre 20 e 40 anos (pessoas em idade de participarem do mundo do trabalho), o que causou surpresa entre a classe médica. As vítimas provavelmente precisavam sair de casa para trabalhar, e acabavam assim sendo infectadas.
Quanto ao Covid-19, esse novo vírus também se alastrou por todas as regiões do planeta e está deixando igualmente um número muito grande de infectados e mortos. Assim como a Gripe Espanhola, o Coronavírus está causando pânico, paralização da vida cotidiana de boa parte do planeta, vem deixando transparecer antigos problemas sociais e de saúde pública. Esse novo vírus é facilmente transmissível, assim como a gripe, o que facilita sua rápida propagação.
Apesar dos 100 anos que as separam, Gripe Espanhola e Coronavírus tem também em comum a dificuldade dos poderes públicos em lidar com a quantidade muito grande de óbitos, ao não conseguirem dar um destino rápido aos corpos das pessoas mortas e ao terem que realizar sepultamentos em covas coletivas, situações presentes há um século e que já são observadas novamente nos países mais afetados pela pandemia.
Em relação à idade das pessoas que faleceram em função deste novo surto pandêmico, é comum a fala de que o coronavírus é mais letal em pessoas idosas ou que já possuem algum problema de saúde. Entretanto, também existem inúmeros casos de pessoas jovens e saudáveis que vieram a óbito por Covid-19. Tenta-se passar a imagem que ele também é um “limpa-velhos” como a gripe era vista antigamente, mas os dados têm mostrado que a situação real não é exatamente essa.
Se a Gripe de 1918 foi vista como sendo uma moléstia criada artificialmente pelos alemães, o mesmo boato foi espalhado em relação ao coronavírus. Há quem acredite que essa doença seria uma arma biológica, criada em laboratório ou um vírus propositalmente manipulado. Inúmeros boatos circularam na imprensa e nas redes sociais justificando tal teoria. Nos Estados Unidos, há quem acredite que a China foi quem produziu o vírus. Já os chineses acreditam que poderiam ter sido os Estados Unidos que levaram o vírus para seu país. Entretanto, os cientistas confirmaram tratar-se de um vírus que sofreu mutações naturais, transmitido aos humanos provavelmente a partir de algum animal na cidade de Wuhan, na China.
Explicação:
O vírus da gripe espanhola foi abissalmente mais letal. Além disso, o atual coronavírus é geralmente mais nocivo a alguns grupos de risco, ao contrário do vírus da gripe espanhola, que matava indiscriminadamente. A gripe espanhola foi uma das piores pandemias da história, matando entre 50 e 100 milhões de pessoas, e o atual coronavírus certamente representará uma fração mínima desse total com o conhecimento científico e tecnológico que temos hoje, além dos protocolos de segurança globais