Quais são as causas mais comuns da desertificação nesses núcleos
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Explicação:
No Brasil, segundo definição contida na Convenção Mundial de Luta Contra a Desertificação, a área susceptível aos processos da desertificação encontra-se situada na Região Nordeste, particularmente, no Semi-Árido.
Nesse cenário, têm sido marcantes, principalmente até a década de 80, as migrações inter-regionais como alternativa à falta de sustentabilidade para a população mais vulnerável no Semi-Árido, sendo que, nos últimos anos e nas últimas secas, tem sido registrado um fluxo maior para as cidades (periferias) de porte médio na Região Nordeste.
Ficam patentes a desestruturação das unidades familiares, diante da impossibilidade de sobrevivência nos períodos de seca, e a ineficiência das ações do poder público, historicamente baseadas em medidas emergenciais e políticas setoriais. É necessário partir para estratégias de políticas públicas com foco integrado de objetivos simultaneamente sócio-econômicos, político-institucionais, culturais e ambientais.
A desertificação é o mais grave problema ambiental desta região; atinge uma área de mais de 900.000 km2 , afetando direta ou indiretamente mais de 15.000.000 de brasileiros, não existindo no País outro problema ambiental que atinja tamanha área e a tantas pessoas. Isto tem provocado importantes impactos ambientais, sociais e econômicos. Por exemplo, nos 600 mil hectares já existentes de agricultura irrigada, registram-se sinais de salinização e/ou compactação do solo em cerca de 30% da área.
Os impactos ambientais podem ser visualizados através da destruição da biodiversidade (flora e fauna), da diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, através do assoreamento de rios e reservatórios e da perda física e química dos solos. Todos estes fatores reduzem a capacidade produtiva da terra, diminuindo a produtividade agrícola e, portanto, impactando as populações. Os prejuízos sociais podem ser caracterizados pelas importantes mudanças que a crescente perda da capacidade produtiva provoca nas unidades familiares. As migrações desestruturam as famílias e impactam as zonas urbanas, que quase sempre não estão em condições de oferecer serviços às massas de migrantes que para lá se deslocam. A população afetada caracteriza-se por alta vulnerabilidade, já que estão entre os mais pobres da região, e com índices de qualidade de vida muito abaixo da média nacional.
As ações de combate à desertificação no Brasil tiveram, ao longo do tempo, um caráter episódico. Desde os anos 70, quando houve a preparação do relatório brasileiro para a Conferência de Nairóbi, as instituições federais se envolveram no tema com a perspectiva de responder às demandas externas. Esse comportamento não contribuiu para a formação de uma política consistente e abrangente em relação à desertificação.
Dado que as prioridades para a região semi-árida do Brasil sempre tiveram uma perspectiva desenvolvimentista, pode-se dizer que as políticas implementadas não tiveram uma preocupação com a conservação dos recursos naturais. Em muitos casos, houve um efeito contrário, pois alguns dos programas e projetos desenvolvidos contribuíram fortemente para a degradação ambiental e para a aceleração dos processos de desertificação. Essas práticas governamentais, comuns nos anos 70 e 80, foram bastante criticadas no período de discussões que antecedeu a Rio-92 e após a assinatura da Agenda 21.
Não foram poucas as críticas e as denúncias de programas e incentivos governamentais a atividades econômicas cujos impactos eram visivelmente negativos. Até mesmo o conceito de “desenvolvimento sustentável” teve ampla difusão nos meios de comunicação e instituições de governo sem, contudo, ter uma real inserção nas políticas públicas.
Em relação à desertificação, apesar do tema ter sido objeto de consideração por parte do MMA e de um acordo de cooperação assinado com o PNUD, os outros setores de governo não assumiram seriamente o problema. Isso pode ser visto quando analisada a alocação de recursos humanos e financeiros feitas nos últimos anos no Orçamento Geral da União. Em verdade, apesar da assinatura do acordo de cooperação técnica entre o governo brasileiro e o PNUD em 1995, somente no orçamento do ano 2000 é que aparece uma rubrica específica para desertificação.