quais são as características físicas do espaço estudadas pelo geografo Caio Prado Junior?
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Resposta: Caio Prado Júnior aprimorou aquele modelo em Formação do Brasil contemporâneo, e é até hoje copiado.
Capistrano de Abreu reproduziu em seus retratos da colônia a localização física dos cronistas coloniais, ou seja, descreveu a paisagem como se ele, narrador, estivesse situado na costa, observando o Brasil como alguém que está aportando. Jamais ultrapassou a linha formada pelas terras efetivamente apropriadas, dominadas e povoadas pelos colonos. Além desse território estava o sertão, mas, embora afirme a sua importância para o entendimento da formação do Brasil, jamais o penetra, esboça-o como se estivesse muito longe. Quando busca avançar sobre o sertão, a sua descrição perde objetividade e o que exibe é um cenário caracterizado de forma genérica por seus aspectos geográficos, sugerindo uma natureza virgem.
O historiador cearense descreveu a paisagem colonial e o sertão como uma paisagem natural, virgem, destituída de sinais de interferências humanas, regiões desertas, onde quando muito perambulavam índios. Simultaneamente, contudo, em várias passagens mostrou encontrar-se esse espaço ocupado por grupos indígenas. Indicou a existência de trilhas, de roças, de aldeias, de sociedades se comunicando.
A crítica a essa construção da imagem de terras desertas no Brasil não é novidade, porém, deixou de ser acompanhada pela reconstrução do cenário. Continua-se a separar a descrição das sociedades indígenas do espaço por elas ocupado e da paisagem constituída. Consolidou-se a imagem de que havia e ainda existem áreas naturais em território hoje brasileiro. Essas representações falsas, parciais da paisagem colonial e do sertão tanto nos convencem que a reproduzimos até hoje. Ignoramos os passos iniciados por Sérgio Buarque de Holanda, o qual, desde a edição de Monções (1945), apresenta um cenário diverso, uma outra visão da fronteira.
Enfim, podemos enumerar outras questões metodológicas, porém aspectos políticos e ideológicos interferem fortemente na construção dessas paisagens. Para Capistrano de Abreu os índios eram racialmente inferiores aos europeus e não chegaram a ter influência na formação do Brasil. Daí a desconsideração com relação às sociedades indígenas e à paisagem que construíram.
Em Formação do Brasil contemporâneo, Caio Prado Júnior segue Capistrano de Abreu ao descrever o povoamento do Brasil desde o século XVI até o início do XIX. Se metodologicamente e politicamente vemos propostas antagônicas, os dois historiadores aproximam-se quanto a sua concepção sobre o que é importante acentuar na descrição do cenário: a área colonizada pelos portugueses. Dentro desta, priorizou-se a recuperação das vilas, fazendas, produção e estradas. Desprezaram-se os territórios indígenas, seus sítios, suas roças e caminhos e, mesmo, as aldeias vizinhas às vilas coloniais.
Caio Prado Júnior reproduziu o local a partir do qual a maior parte dos cronistas, especialmente aqueles que estavam atentos às condições de exploração dos recursos naturais desse território em benefício da Metrópole, descreviam aquelas terras. Posicionou-se no mar, como se estivesse percorrendo a costa numa embarcação. No leitor, provocou a sensação de que a vida, a história e o movimento transformador emanavam dos estabelecimentos europeus. Que o resto do território que viria a ser o Brasil, ocupado por sociedades tribais, estava isolado numa dinâmica a-histórica e natural. A descrição de Caio Prado Júnior afirma um vazio humano/cultural que é falso.
Explicação: Espero ter ajudado :)
Bons Estudos!