História, perguntado por Bryan4w, 8 meses atrás

Quais são as características atuais das novas tendências religiosas?

Soluções para a tarefa

Respondido por felipevasconcelosf
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1. Anúncio da morte da religião

Tudo começa com o declínio rápido da prática religiosa em dois setores importantes da sociedade: os intelectuais e os trabalhadores urbanos. Com tristeza, Pio XI (1922-1939) olhou para o mundo e disse: “A Igreja perdeu a classe operária”. Intelectuais de peso da modernidade, a partir sobretudo do século XVIII, com Holbach e os Enciclopedistas, com maior vigor no século XIX, com L. Feuerbach, K. Marx e F. Nietzsche e, em crescendo, no século XX, com S. Freud e os existencialistas ateus, até o atual novo ateísmo de D. Hawkins, S. Harris, F. S. Collins, C. Hitchens, A. Comte-Sponville, L. Ferry e M. Onfray, decretaram a morte definitiva de Deus, vendo a religião como delírio, ilusão, absolutamente inútil, engodo, instrumento inescrupuloso de dominação de religiosos, compensação, projeção.

Como se não bastasse, nos próprios arraiais das religiões institucionais, a secularização devastava a piedade, as práticas religiosas, o culto, a frequência às igrejas, a fim de definir uma fé pura, arreligiosa, secular, puramente humanista. Sem renunciar à fé em Jesus Cristo, proclamava-se um “cristianismo ateu”. Enfim, o panorama religioso se reduzia a rincões rurais, a camadas sociais apenas tocadas pela modernidade.

 

 

2. O quadro religioso plural

2.1. Em geral

P. Berger já vislumbrava na avalanche antirreligiosa o mover-se de anjos.[1] Em pouco tempo, parecia uma banda de heavy metal a ferir os tímpanos da cultura ocidental secularizada e ateia.

Na década de 1990 para a frente, começa a agitar-se a barulhenta mobilização religiosa que cresce até nossos dias, em que pese a arrogância de ateus e a onda consumista materialista.

A modernidade destruidora dos valores religiosos e a pós-modernidade desregrada no campo moral estão a produzir a reação fundamentalista nas diversas religiões. No meio católico, movimentos neoconservadores respingam-se de borrifos fundamentalistas. Atêm-se à rigidez da lei, à literalidade do texto religioso ou canônico, à submissão inconteste às autoridades, com culto aos líderes.[2] A insegurança provocada pela perda de referências básicas de vida, de valores, por obra da modernidade e da pós-modernidade, aninha-se bem em posições fundamentalistas. Em relação ao fundamentalismo islâmico, some-se a ele a conjuntura política que o açula. A modernidade secularista carrega-se, para ele, de cores agressivas à totalidade do universo: religioso, cultural, racial, político. E, do lado ocidental, escondem-se interesses econômicos e bélicos inconfessáveis sob o mesmo manto fundamentalista.

O complicador econômico, político, étnico e cultural torna o fundamentalismo muçulmano, palestino, judeu extremamente explosivo. A lucidez analítica percebe os ingredientes não religiosos. Mas as camadas populares assumem-no como um todo indivisível. Por isso H. Küng tem batalhado pela tese: “Não haverá paz no mundo sem paz entre as religiões”.[3]

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