Quais ritmos encontramos na natureza?
Soluções para a tarefa
Resposta:
experimente fazer um teste. Por um instante, feche os olhos e preste atenção no som ao redor. Se estiver em uma praia deserta, provavelmente ouvirá ondas quebrando na arrebentação, o sopro do vento e o farfalhar de folhas de coqueiro. A caminho do trabalho, sobressairão ruídos de carros e ônibus ou estalares e guinchos dos vagões do metrô, temperados aqui e ali por algumas vozes. Já em uma região de mata predominam, em especial ao anoitecer, o estridente cricrilar de grilos e cigarras, os zunidos de outros insetos, o coaxo de sapos e pererecas, além do canto de aves noturnas.
Graves, médios ou agudos, os sons gerados pelo ser humano ou pela natureza inundam o planeta e podem oferecer informações essenciais sobre a saúde dos ecossistemas. A miríade de estalos, silvos, trinados, urros, guinchos e estrilos produzidos pelos seres vivos permite conhecer como as diferentes espécies interagem entre si e com o próprio ambiente, além de denunciar os efeitos da interferência humana. Os sons muitas vezes revelam fenômenos que não podem ser vistos nem notados de outra forma, como a alteração na tonalidade do canto de pássaros ou a mudança no horário de comunicação entre os macacos de áreas que sofreram algum tipo de perturbação. Por essa razão, há alguns anos cresce entre os biólogos o interesse em ouvir a natureza e caracterizar os diferentes ambientes, de recifes oceânicos a florestas tropicais, nas mais variadas situações. Eles desejam aprender a distinguir as alterações naturais e cíclicas desses ambientes daquelas decorrentes da ação humana. A expectativa é de que esse conhecimento ajude a monitorar a evolução de áreas naturais ameaçadas de sofrer danos e oriente a recuperação das já degradadas.
Equipamento do tipo MARU (Unidade de gravação autônoma marinha), fornecido pelo Programa de Pesquisa Bioacústica do Laboratório de Ornitologia da Universidade Cornell
LaB / UFRN
“Estamos começando a conhecer, a partir dos padrões de canto e vocalização, como as diferentes espécies animais se relacionam entre si e com o hábitat e também como essa interação é afetada pelas atividades humanas”, afirma a bióloga Renata Sousa-Lima, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), uma das pioneiras no país nos estudos de ecologia da paisagem sonora. Essa área integra – e contribui para – o campo de ecologia da paisagem, que avança além da ecologia tradicional ao considerar que o ambiente não é homogêneo e sofre alterações com o tempo.
Esse ramo novo da ecologia integra conceitos da física, da música, da arquitetura e da psicologia, além, claro, da biologia. É uma forma mais simples e complementar de fazer estudos ecológicos, que dependem essencialmente de observações visuais ou da captura de exemplares para investigar como diferentes espécies interagem entre si, com outras e com o ambiente.