Quais relações podem ser estabelecidas entre o mercado internacional de commodities e a manutenção e a reeleição da chamada “onda rosa” no direcionamento político dos países da América do Sul?
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Resposta:
Nos últimos anos, tem-se observado na América Latina, mais especificamente na América do Sul, a ascensão de governos neoliberais, após mais de uma década dominada por governos de esquerda e centro-esquerda, durante a chamada Onda Rosa. Apesar dessa tendência conservadora, no Chile, por exemplo, o movimento de jovens de esquerda em 2015 e os acontecimentos da eleição presidencial no final de 2017 demonstram uma considerável presença da esquerda na política, que vem se fortalecendo no país. Tendo isso em vista, esse artigo tem como objetivo demonstrar o crescimento das tendências neoliberais na América do Sul em paralelo à resistência da Onda Rosa e a inesperada guinada da esquerda na última eleição presidencial chilena.
A transitividade entre a Onda Rosa e a Onda Azul
A América Latina possui a característica de transitar entre fases de políticas neoliberais e fases dominadas por políticas de esquerda. Durante a década de 1990, por exemplo, ocorreu uma forte onda neoliberal que dominou, principalmente, a América do Sul. Essa tendência iniciou-se após um período de políticas desenvolvimentistas e estatais que culminaram numa crise profunda em 1980, deixando o título de “Década Perdida” para o período. Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Equador, Venezuela e Colômbia participaram dessa fase neoliberal que se voltava para o sistema anterior de vantagens comparativas[i] e visava cumprir as determinações do Consenso de Washington[ii], adotando medidas neoliberais como privatizações e liberalização do comercio na tentativa de estabilizar a economia. (BANDEIRA, 2002).
No final dos anos 1990, ocorreu uma reviravolta nas urnas europeias que recebeu o nome de Onda Rosa. Foi um período em que a maioria dos votos na Grã-Bretanha e na França foram destinados à trabalhistas, exigindo políticas de estado que garantissem a seguridade social da população. Um dos marcos do início desse movimento foi quando, em 1997, após anos de conservadorismo, Tony Blair do partido trabalhista foi eleito primeiro ministro da Grã-Bretanha, vencendo Margareth Thatcher. Um mês antes, na França, o Partido Socialista também havia retornado ao poder, liderado por Lionel Jospin. (FERREIRA, 1997)
Na América do Sul[iii], com a eleição de Hugo Chavéz, também no final da década de 1990, iniciou-se a fase da Onda Rosa na região. Trata-se de uma Onda Rosa, pois foi um período de ascensão dos partidos de esquerda que se caracterizavam por possuir administrações diferentes dos governos de esquerda tradicionais, como o governo socialista russo, por exemplo. Nenhuma dessas administrações busca primordialmente a superação e substituição do capitalismo, na verdade, se constituíram adaptando-se às necessidades locais e não partindo de um pressuposto universal atrelado aos modelos ideológicos tradicionais do socialismo. (SILVA, 2010).
O surgimento da Onda Rosa na América Latina foi também resultado do colapso institucional e financeiro deixado pelos governos neoliberais. Essas esquerdas alcançaram o poder através de uma combinação de adaptação organizativa, reunindo elementos como foco em políticas sociais (Fome Zero, Minha Casa Minha vida e o Bolsa Família, no Brasil, por exemplo), e ampliação dos valores democráticos básicos. Além disso, a chegada ao poder dessas lideranças permitiu a preservação de um núcleo oposicionista bem delimitado e claro. (SILVA, 2010).
Esse momento pós-neoliberal envolveu um aumento do papel do Estado no processo político. Trata-se, portanto de uma questão política, mas também estrutural: a Onda Rosa foi facilitada pela melhora dos termos de troca[iv] na economia global, que significou uma vantagem econômica para os países exportadores de produtos primários, como a valorização do preço das commodities, que era o caso da maioria dos países latinos. Os ganhos financeiros desse momento econômico favorável foram investidos na construção de estados progressistas. Além disso, esse capital foi utilizado também no estabelecimento de um modelo econômico mais autônomo. (informação verbal)[v]
Após Chavéz, em 2000, Ricardo Lagos do Partido Socialista do Chile foi eleito presidente, seguido de Lula no Brasil, em 2002; Néstor Kirchner na Argentina, em 2003; Tabaré Vasques no Uruguai, em 2004; Evo Morales na Bolívia, em 2005; Fernando Lugo no Paraguai, em 2008. A maioria desses presidentes conseguiu se reeleger ou eleger seus sucessores. Esse período de administração de governos de esquerda só começou a ser comprometido nos ultimos anos
Explicação:
A Onda Rosa foi facilitada pela melhoria das condições comerciais [iv] da economia mundial, que trouxe um benefício econômico aos países exportadores de commodities, como a valorização dos preços das commodities que ocorreu na maioria dos países latinos.