Sociologia, perguntado por adryanvictorsc100, 7 meses atrás

Quais razões motivaram os movimentos sociais nos séculos XVIII, XIX e XX?

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Respondido por ynovais8
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Resposta:

O texto aborda a relação dialética entre os movimentos sociais, o Estado e a sociedade brasileira nos séculos XIX e XX. A perspectiva central da abordagem identifica os movimentos sociais como "tradutores" dos complexos mecanismos de desenvolvimento da sociedade brasileira, revelando as áreas de carência estrutural, os focos de insatisfação, os desejos coletivos e permitindo a realização de uma verdadeira topografia das relações sociais do período analisado. Demonstra-se que os movimentos sociais não constituem fenômenos periféricos – como pressuposto nas representações hegemônicas –, mas são chaves explicativas para a compreensão e interpretação de cada período histórico da sociedade brasileira. O texto reconstrói a articulação entre forma e conteúdo dos movimentos sociais em sua relação com os determinantes históricos e discute as mudanças dos paradigmas teóricos nas décadas de 70, 80 e 90 do século XX.

O processo de redemocratização iniciado no período situado entre 1945-1964, também conhecido como período populista ou nacional-desenvolvimentista (idem, ibid., p. 88), abriu perspectivas para o desenvolvimento de várias formas de participação social, uma vez que trouxe de volta a disputa político-partidária e a revitalização sindical. Nesse período, os reflexos sociais da migração interna impulsionada pela industrialização e urbanização já eram bastante visíveis e refletiram-se também no modo de organização das lutas sociais no espaço urbano. É a partir da década de 1940 que emergem no cenário urbano brasileiro as classes populares. A bibliografia que trata da questão (Soares do Bem, 1988) é unânime em reconhecer a ausência da intervenção do Estado na regulamentação da questão urbana (Lojkine, 1981; Kowarick, 1979), de forma que este segmento populacional tem sido desprovido de recursos urbanos necessários à sua reprodução. Tornou-se padrão no modelo de expansão do capitalismo brasileiro a urbanização calcada sobre as carências de serviços de consumo coletivo nas periferias das grandes cidades.

A grande intervenção do Estado na economia, nesse período, era complementada pela intervenção estatal na sociedade, efetivada por meio de políticas sociais de cunho clientelista, originando o conceito de clientelismo urbano.

Apesar do clientelismo urbano, foi nesse período que o "povo" irrompeu na cena política com algum poder de pressão, dando origem a muitos movimentos sociais, naquele momento também podendo estes serem disseminados por meio da ampliação do sistema de transportes e de comunicações, além do respaldo que tiveram da nova Constituição, de 1946. Essa Constituição, conhecida como uma das mais liberais do país, restabeleceu a independência dos poderes e a autonomia dos estados, o direito à greve e regulamentou a organização sindical, apesar de tê-la mantido atrelada ao Estado. O nacional-desenvolvimentismo amalgamou vários projetos idealizados no período, inserindo o Brasil nas dinâmicas do capitalismo mundial desenvolvidas após a Segunda Guerra Mundial. Este processo foi popularizado pelos teóricos do CEPAL por meio da expressão "industrialização por substituição de importação" (Mamigonian, 1995, p. 66) e, embora tenha de fato contribuído para alterar consideravelmente os indicadores de crescimento econômico, manteve uma grande concentração de renda, calcada sobre um tremendo arrocho salarial sobre as classes populares.4 Os baixos salários explicam justamente a crescente migração de capitais estrangeiros para o país, no período enfocado, atraídos pela possibilidade de realizar uma acumulação com margens de lucro impensáveis nos países de origem.

 Surgiram no período vários sindicatos paralelos aos oficiais, numa tentativa de fuga ao controle exercido pelo Ministério do Trabalho, e ampliaram-se, com o agravamento da situação, os movimentos de associações de moradores nas áreas periféricas das cidades. Os conflitos agrários, que são antigos na história do Brasil, ganharam, no período, uma nova linguagem e passaram a ser articulados a partir de uma franca oposição, frontalmente formulada. Conflitos ocorridos simultaneamente em Goiás, no Rio Grande do Sul, no Paraná e na Região Nordeste expuseram o caráter nacional da questão agrária. Os vários movimentos sociais ocorridos nas áreas rurais no período de 1958 a 1964, associados às Ligas Camponesas surgidas em 1955 (Correia de Andrade, 1986), puderam então ser combatidos com base no anticomunismo, que havia se transformado na ideologia oficial das elites durante toda a fase da "Guerra Fria". Foi esta ampla frente de organização popular, acrescida dos problemas de transição política nessa fase altamente concentracionista, que instigou os militares a fecharem, com o golpe de 1964, os canais de expressão populares historicamente (re)construídos.

Espero ter ajudado.


adryanvictorsc100: Muito obrigadoooooo
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