Geografia, perguntado por Usuário anônimo, 1 ano atrás

quais os principais grandes projetos implantados na Amazônia a partir da decada de 50????

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Respondido por netorl180
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rodovia transamazonica

netorl180: estrada de ferro
Respondido por goxtosoalvaro
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Resposta:

Tanto saberes locais quanto científicos em sociedades amazônicas, tendem a ser atingidos por impactos referentes a grandes projetos de investimentos (GPIs), sendo o Estado o maior financiador dessa fragmentação territorial e desfiliação sociocultural, com efeitos opostos à sustentação do bioma, a exemplo do que se percebeu a partir de dotações orçamentárias históricas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A esse respeito, tome-se o ocorrido em novembro de 2012, quando foi aprovado financiamento de R$ 22,5 bilhões para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu/PA. A obra é de alto impacto socioambiental. O valor atinge 80% do custo da obra, calculado em R$ 28,9 bilhões. É o maior empréstimo de todos os tempos feito pelo BNDES para um único projeto amazônico, que conta ainda com apoio privado.

No contexto do Estado do Amazonas, Banco do Estado do Amazonas (BEA), Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama), Cigás e Porto de Manaus passaram por mudanças relacionadas à privatização. Também feiras, mercados, parques, praças de alimentação, cemitérios e praias têm sido total ou parcialmente privatizados. A concessão da água em Manaus à empresa Águas do Brasil, do Grupo Solvi, dono da Águas do Amazonas, que administra o abastecimento na capital, configura-se o mais novo negócio do ramo, totalizado em R$ 3,4 bilhões.

São fatos que indicam a existência de uma disposição governamental para o desenvolvimento do Amazonas, mas sem propostas sólidas de governança do Estado — e nada muito diferente acontece na Amazônia de forma global. A perspectiva aponta que o planejamento efetivado para promover a evolução do bioma não parece ser adequado, posto que importa modelos externos e torna miméticas as ações.

Apesar disso, grande parte dos GPIs ganha força no Legislativo a partir de propostas do Poder Executivo, indicando que o Estado fortalece a si próprio e a seus interesses na medida da conveniência, granjeando apoio a partir de partidarismos margeados por divisões de cargos e apoios eleitorais.

Em amplos sentidos, sintomas de GPIs constituem injustiças socioambientais geradas a partir de implantação das obras, as quais acirram conflitos devido à competição de classes, evidenciada a partir da intervenção em sociedades amazônicas. A crescente disseminação de projetos de aproveitamento do potencial mineral, madeireiro e hídrico da natureza é exemplo regional de implicações que a configuração atual do capitalismo impõe a territórios ancestrais.

No embate, saberes locais e científicos são problematizados. E ao deixarem de ser inseridas dentro da esfera de ações realizadas no intuito de modificar a realidade amazônica, populações locais são penalizadas por serem tomadas enquanto detentoras de saber supostamente desqualificado.

Elas não são convidadas a participar de modificações sociais de seu tempo e a elas é negado a integração na construção de novos territórios, via correlação entre saberes científicos, os quais, por sua vez, são valiosos e consistentes, mas não são tomados pelo governo como bases diretivas de construção de planos de desenvolvimento.

 

* Renan Albuquerque é professor e pesquisador do colegiado de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e desenvolve estudos relacionados a conflitos e impactos socioambientais entre índios waimiri-atroari, sateré-mawé, hixkaryana, junto a atingidos pela barragem de Balbina e com assentados da reforma agrária.

 

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