Quais os primeiros habitantes europeus do Rio de Janeiro
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Em 1º de janeiro de 1502, supostamente, acredita-se que uma expedição portuguesa liderada por Gonçalo Coelho penetrou na Baía de Guanabara, nomeando-a então como "Rio de Janeiro" por acreditar tratar-se da foz de um rio. Na época, a Baía de Guanabara era um paraíso ecológico, com cardumes de sardinhas, robalos, tainhas, xereletes, camarões, lagostas, golfinhos e baleias, as quais utilizavam suas águas quentes para parir seus filhos no inverno.[5]. O nome indígena do local, kûárana pará (mar semelhante a enseada)[6], que gerou o nome atual de Guanabara, é uma referência ao formato circular da baía. A entrada da baía era chamada, pelos índios, de 'yetéro'y, que significa "rio verdadeiro frio"[7][8].
A Baía de Guanabara era cercada por aldeias tamoias (também chamadas tupinambás). A única exceção a esse domínio era a atual Ilha do Governador, no meio da Baía de Guanabara, que era dominada pela tribo dos temiminós. Porém, por volta de 1550, os temiminós abandonaram a ilha a bordo um navio português que passava pelo local e se mudaram para a Capitania do Espírito Santo, fugindo aos ataques tupinambás[9]. Uma segunda expedição portuguesa, em 1503, teria erguido uma feitoria de comércio com 24 homens em Cabo Frio. Na mesma época, teria sido construída uma casa de pedra na foz do Rio Carioca, na atual Praia do Flamengo, na cidade do Rio de Janeiro[10][11]. Tal casa teria sido denominada pelos índios tamoios habitantes da região como akari oka, que significa "casa de cascudo". Os índios tamoios chamavam os portugueses de akari, "cascudo", pois as armaduras dos portugueses se assemelhavam à carapaça desse tipo de peixe[12]. Embora uma hipótese alternativa sobre a origem do termo aponte para a existência de uma aldeia indígena próxima a esse local (mais especificamente, no sopé do Outeiro da Glória, conhecida como Karioka (termo tupi que significa "casa de índio carijó")[13].
Após verificarem que o litoral brasileiro não apresentava riquezas minerais, os portugueses desinteressaram-se pela região, o que permitiu a ação intensa de navegadores de outros países, especialmente franceses, na extração de pau-brasil. A madeira era cortada pelos índios do litoral, os quais trocavam-na por mercadorias baratas (espelhos, facas, chapéus, tecidos etc.) com os europeus. Tal tipo de associação gerou um forte vínculo entre tamoios e franceses no litoral fluminense. Temendo perder o território brasileiro para os franceses, o rei português dom João III, em 1532, decidiu dividi-lo em quinze lotes e ceder sua administração para nobres portugueses. Eram as chamadas "capitanias hereditárias"[14]. Desta forma, o sul do atual estado do Rio de Janeiro ficou pertencendo ao lote setentrional da capitania de São Vicente (que ia da atual cidade paulista de Caraguatatuba até a atual cidade fluminense de Macaé) e o norte, à capitania de São Tomé (que ia de Macaé até a atual cidade capixaba de Cachoeiro do Itapemirim). Porém o lote setentrional da Capitania de São Vicente foi ignorado pelo seu donatário, Martim Afonso de Souza, que preferiu concentrar seus esforços de colonização no outro lote da Capitania de São Vicente, que ficava no atual litoral do estado de São Paulo entre as cidades de Caraguatatuba e Cananeia.
Como resultado, em 1555, uma expedição francesa liderada por Nicolas Durand de Villegaignon iniciou um projeto de colonização na região da Baía de Guanabara chamado França Antártica. Os franceses, aliados aos tamoios, construíram o Forte Coligny na Ilha de Serigipe, na entrada da baía. Segundo o antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, os franceses se uniram às índias locais, gerando mais de mil mestiços que povoaram toda a região da Baía de Guanabara[15]. Tal pode ser a origem do atual sotaque fluminense, que é caracterizado pelo "erre" típico do francês e inexistente no português de Portugal e dos demais estados brasileiros, nas línguas indígenas brasileiras e nas línguas dos negros africanos. Quanto à Capitania de São Tomé, apesar dos esforços do seu donatário, Pero de Góis, que construiu nela a Vila da Rainha (no local da atual cidade de São João da Barra), acabou devastada pelos índios goitacases[16].