Sociologia, perguntado por lorrainemartinp7xgfl, 7 meses atrás

Quais mudanças econômicas, políticas e culturais provocaram o surgimento da sociologia? Explique

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Respondido por MOTHPISS
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A sociologia surgiu, na primeira metade do século XIX, sob o impacto da Revolução Industrial e da Revolução Francesa. As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por esses acontecimentos criaram a impressão generalizada de que a Europa vivia o alvorecer de uma nova sociedade.

O papel decisivo da “dupla revolução” foi amplificado pelo debate intelectual da época. A discussão girava em torno do caráter exemplar desses eventos, com as opiniões divididas na avaliação de que se tratava ou não de desdobramentos irreversíveis da história. As divergências na atribuição de significado à “nova sociedade” consolidaram três correntes intelectuais e políticas: conservadores, liberais e radicais.

A sociologia nasce, portanto, como uma reflexão acerca dos contornos da nova configuração histórica – daí sua preocupação permanente em distinguir e contrapor a sociedade moderna às sociedades tradicionais. E num ambiente marcado pela competição entre as visões de mundo do conservadorismo, do liberalismo e do socialismo – daí seu esforço constante para se distinguir dessas correntes, apresentando-se como uma alternativa, científica ou mesmo crítica, em relação a tais modelos explicativos.

A ambição intelectual da sociologia, a tentativa de compreender, em um registro científico, a origem, o caráter e os desdobramentos dessa nova sociedade, levou-a a se apresentar como uma espécie de contraponto em relação às demais disciplinas das “ciências humanas”. Assim, desde o início, a sociologia procurou diferenciar-se da economia, da história, da geografia, da filosofia, da psicologia etc.

O esforço para construir uma identidade própria por meio da superação das disciplinas rivais não se deu apenas pela absorção de temáticas alheias, recuperadas como partes específicas do saber sociológico, se prendeu, sobretudo, à pretensão de atingir um padrão de cientificidade na explicação da vida social equivalente àquele alcançado pelas ciências naturais.

A sociologia concebe-se, assim, não apenas como a disciplina central no campo das “ciências humanas”, mas como um saber comparável, em termos de explicação e previsão, às próprias ciências naturais. Essa posição, no entanto, será contrabalançada, paulatinamente, pela compreensão de que as determinações das possibilidades futuras da sociedade não podem ser preditas a partir dos modelos do passado, o que levou a sociologia a situar-se, muitas vezes, como uma perspectiva crítica perante as relações sociais vigentes.

Nas últimas décadas do século XVIII surgiram, na Europa, dois fenômenos decisivos para a configuração do mundo moderno: a concentração da produção de bens na “fábrica”, base do sistema econômico fabril, e a comunidade política de “cidadãos”, livres e com direitos iguais, vinculados ao Estado-nação.

Hoje, tendo em vista os desdobramentos dessa matriz econômica e política, bem como o seu alcance mundial, tornou-se consenso considerar tais transformações equiparáveis a marcos históricos como a invenção da agricultura, da metalurgia, da escrita ou da cidade.

Os contemporâneos desses eventos nunca entraram em acordo acerca da provável extensão dessas mudanças. Mas isso não os impediu de vislumbraram prontamente a importância do conjunto de acontecimentos que deflagraram as transformações econômicas ocorridas na Inglaterra a partir do fim da década de 1760 e a reconfiguração política iniciada na França em 1789. Tais mudanças foram percebidas, já à época, como uma reviravolta sem precedentes, como rupturas abruptas, como “revoluções”, sobretudo por seu contraste com as formas predominantes no passado.

A Revolução Industrial surgiu na Inglaterra. O pioneirismo inglês explica-se pela consolidação, ao longo do século XVIII, de uma série de fatores: (a) relações econômicas capitalistas que abrangiam não só o comércio, as finanças e a produção manufatureira, mas inclusive as atividades agrícolas; (b) uma política governamental orientada para favorecer o desenvolvimento econômico; (c) uma cultura coletiva que não rejeitava o predomínio do dinheiro, valorizando, por conseguinte, a busca de lucro; (d) um mercado mundial monopolizado pela supremacia militar e naval da Inglaterra, consolidado pelas práticas do exclusivismo colonial e do escravismo.

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