Quais foram os impactos ambientais, sociais e econômicos que o ICOMI trouxe no Amapá.
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Resposta:
Explicação:
texto ora apresentado constitui parte dos resultados da pesquisa intitulada “Os impactos ambientais gerados pelas atividades da ICOMI no Amapá”, apresentada à Universidade Federal do Amapá como trabalho de conclusão do curso de graduação em Geografia. A problemática que norteou a pesquisa está ligada à exploração das jazidas de manganês e os impactos ambientais deixados ao município de Serra do Navio em decorrência da exploração do minério. O método utilizado na pesquisa foi o hipotético-dedutivo. Incluiu-se ao método uma abordagem indutiva como elemento de raciocínio interativo. Para isso, foi necessário a realização de pesquisa bibliográfica e de campo. Os entrevistados do estudo foram os moradores do município de Serra do Navio, ex-funcionários da empresa ICOMI, assim com o Diretor-Superintendente da empresa.
A voz da comunidade de Serra do Navio
O município de Serra do Navio foi criado em 1º de maio de 1992. Sua história está ligada à instalação e funcionamento da Indústria e Comércio de Minérios S/A (ICOMI), a partir da década de 1950. De fato, suas origens são atribuídas à construção da Vila Terezina, que servia de residência aos funcionários da companhia. Desde a década de 1950 até poucos anos atrás, a economia de Serra do Navio atinha-se estritamente à exploração de manganês pela ICOMI. Esta, possuía um contrato que lhe garantia direitos exploratórios por cinquenta anos. Com o suposto esgotamento das reservas do minério de manganês e a transformação da vila de Serra do Navio em município, uma nova etapa da história da região se inicia. É então, lançada a busca por alternativas e novos caminhos para a sustentabilidade do novo município amapaense.
De acordo com os moradores de Serra do Navio, enquanto a ICOMI encontrava-se instalada no município, o local podia ser considerado como modelo de organização e eficiência em todos os setores, visto que a empresa representava a maior rede de projeto privado no estado do Amapá. Dessa forma, as pessoas entrevistadas consideram que, naquela época, tudo funcionava satisfatoriamente, pois os moradores eram munidos de assistência médica, educacional, abastecimento de alimentos e outros suprimentos.
Com a saída da empresa e a instalação do município, a sede passou a ser administrada pela Prefeitura de Serra do Navio. Devido as limitações financeiras, esta teve dificuldades em manter o padrão implantado pela ICOMI, pois a manutenção de uma estrutura daquele porte demandaria muitos recursos. Por mais que o prefeito se empenhasse, a cidade já apresentava sinais de decréscimo.
A saída definitiva da ICOMI e de sua parceira norte-americana Bethlehem Stell provocou a decadência da cidade ainda mais evidente. O município conheceu um fenômeno novo: a favelização oriunda da miséria que grassava na bela estrutura. Dentre os entrevistados da pesquisa, o desemprego foi citado unanimemente como maior malefício à população, principalmente, porque a empresa saiu antes do prazo anunciado de 50 anos. Assim, os funcionários da ICOMI não estavam preparados para tal acontecimento. Acostumados com as comodidades proporcionadas pelo emprego, ficaram sem saber o que fazer, mesmo após receberem suas indenizações trabalhistas.
Quanto ao meio ambiente, 60% dos entrevistados citaram o desmatamento como o maior dano ambiental das atividades da ICOMI na região. Para a extração do minério de manganês ocorrer, era necessário a retirada da vegetação nativa. Os muitos anos de exploração deixaram imensas crateras na região, o que é apontado por 20% dos entrevistados como um dos maiores impactos ecológicos, já que nesses buracos deveria ser realizado o reflorestamento. Os demais 20% visualizam como impacto mais lesivo as montanhas de rejeitos de manganês. Estes, além de serem inúteis, contaminam o solo e o próprio ser humano.
No que se refere às expectativas dos moradores para com os danos ambientais causados pela ICOMI, os mesmos anseiam pela intervenção das autoridades púbicas no sentido de fazer com que a empresa seja responsabilizada e punida pelas infrações cometidas. Desejam ainda que sejam realizados projetos de desenvolvimento e revitalização do município, a fim do reaquecimento da economia local, proporcionando assim, melhores condições de vida aos moradores do município de Serra do Navio.
Durante a fase de coleta de dados da pesquisa aqui apresentada, um fato chamou a atenção dos pesquisadores. Em um ponto de ônibus, uma senhora no quinto mês de gestação confessou que já aguardava por cinco horas pelo transporte que a levaria de Serra do Navio até sua casa, distante cinco quilômetros da sede do município. Segunda ela, a ICOMI abandonou o lugar, pois agora dependem dos favores das pessoas que passam por lá, já que os ônibus foram retirados. Disse ainda, que o marido e todos os seus parentes ficaram desempregados com a saída precipitada da mineradora.