História, perguntado por ThaynaraKassia, 1 ano atrás

Quais foram as principais mudanças geradas pela revolução agrícola?

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Respondido por Usuário anônimo
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MELHOR PRODUTIVIDADE, MELHOR DIVERSIDADE DE PLANTIO,Designação do movimento de renovação da agricultura, verificado na Inglaterra do século XVIII, que resulta na transformação da propriedade rural (enclosures), na introdução de novas espécies vegetais e animais (ou seu apuramento) e na aplicação de novas técnicas e processos de produção. Tal como na maior parte das mutações operadas na Europa ao longo do século XVIII, também na Revolução Agrícola a Inglaterra foi o país de arranque. Dotada de uma aristocracia latifundiária (nobreza detentora de enormes propriedades) politicamente ativa e cada vez mais preponderante no Parlamento, nela surge, na primeira metade do século XVIII, um corpo de leis visando uniformizar e regular a posse da terra de forma a facilitar o processo produtivo. Resultam essas leis de uma petição dos grandes senhores da terra para legitimar a ocupação e cerco de pequenas propriedades, de forma a aumentar a dimensão das suas e a aumentar com isso a produção e o lucro. Essas leis, favoráveis à aristocracia, avançam, assim, no sentido da expropriação de pequenas propriedades (minifúndios), da junção de parcelas dispersas e da apropriação de terras comunais, para além da liberdade de cercar as novas propriedades resultantes desse processo (em inglês, enclosures, campos fechados por sebes ou cercas). A aplicação da lei fez-se com base em pressupostos senhoriais: apesar de terem apresentado uma petição ao Parlamento, os latifundiários decidiram ocupar e cercar as terras sem qualquer aviso aos seus antigos donos, os pequenos proprietários, mesmo ainda antes da discussão e aprovação parlamentar. Recorrendo da decisão, os pequenos proprietários tentam comprovar documentalmente a posse da terra, o que é difícil - ou impossível - na maior parte dos casos. Perdem assim as terras e vão engrossar o êxodo de trabalhadores rurais - proprietários ou não - em direção às cidades fabris de Bristol, Birmingham, Manchester, Liverpool, Londres e Glasgow, entre outras. As propriedades confiscadas pelos agentes dos latifundiários são, entretanto, repartidas entre estes. Modifica-se então a paisagem rural inglesa: do openfield (campo aberto, sem vedação, tradicional em Inglaterra) passa-se para o campo fechado. Esta mudança será mais visível no Leste do país - em East Anglia, nas Midlands, no Yorkshire... Estas eram, antes da lei, regiões cerealíferas e forrageiras, bem como de criação de gado ovino (a lã era, aliás, uma matéria-prima importante para a florescente indústria têxtil inglesa). Os novos senhores - a que se juntarão mesmo ricos comerciantes das cidades (burguesia), interessados em investir na agricultura - promoverão, porém, a introdução de novas técnicas de cultivo, entre as quais a rotação de culturas sem pousio, de forma a retirar o máximo proveito das terras. Ao mesmo tempo, de forma a aumentar a dimensão das propriedades e da sua superfície cultivável, promovem a secagem e drenagem de terras pantanosas, o abate de florestas e a ocupação de baldios e terras comunais (as arroteias). No intuito de melhorar as espécies mais produtivas, a seleção de sementes e o apuramento dos efetivos pecuários são outras das marcas desta Revolução Agrícola inglesa setecentista. A introdução de máquinas e a melhoria dos transportes no espaço agrário são outras das características principais dessa mutação operada no mundo rural inglês. Os resultados não demoraram muito a aparecer: maior produção (na primeira metade do século XVIII, esse aumento é superior a 20%); capacidade do campo abastecer e sustentar o crescimento urbano-industrial que se registava no país; melhorias significativas, não somente em quantidade, mas também em qualidade, permitem uma época de relativa abundância em produtos agrícolas essenciais (carne, leite e derivados, legumes, batata, cereais, etc.), com repercussões em termos demográficos. De facto, a melhoria gradual na dieta alimentar inglesa proporcionará uma maior esperança de vida, um aumento da natalidade e do crescimento natural da população, diminuindo-se a vulnerabilidade do homem face às fomes e pestes (menos comuns, porém). Com a diminuição crescente da mortalidade, conjugam-se uma série de indicadores positivos para que possamos falar de uma revolução demográfica, a par da revolução agrícola e da industrial. Todas estas alterações no espaço agrário inglês trouxeram também outras consequências, mais visíveis no espaço urbano. Para além do citado êxodo rural de minifundiários e assalariados rurais - devido à perda da posse da terra, à mecanização (que origina menos empregos rurais) e às novas técnicas e culturas -, assiste-se a um crescimento demográfico nas cidades, o que dispara os valores da taxa de urbanização inglesa e mesmo europeia. A expansão da Revolução Agrícola para o continente europeu - menos visível que a da indústria - fará, ao longo do século XIX, crescer a população europeia em mais de 100%, registo nunca alcançado na história da Humanidade.
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