Filosofia, perguntado por ananclaudia, 6 meses atrás

Quais foram as principais criticas apontadas em relação ao ceticismo absoluto? cite os argumentos propostos para sustenta-las​

Soluções para a tarefa

Respondido por maraviana634
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Explicação:

2 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO E REFUTAÇÃO

Com essa denominação, quero referir-me a uma forma de crítica do ceticismo certamente tradicional: diante das pretensões dos céticos de problematizar o valor cognitivo de toda e qualquer afirmação sobre a realidade, trata-se de expor uma ou mais verdades que estariam preservadas da força dos argumentos céticos. Entre os mais importantes filósofos modernos, certamente o primeiro a propor uma forma de refutação do ceticismo foi Descartes, como se pode perceber na sucinta apresentação que faz de sua filosofia, na quarta parte de seu Discurso do Método. Ali, importante referência ao ceticismo é feita, quando alude a um momento fundamental da construção de sua filosofia: "[...] esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar" (DESCARTES, 1979a, p. 46). Nos termos mais precisos e desenvolvidos das Meditações, após, na primeira meditação, suspender seu juízo em face de várias razões sérias de duvidar, mobilizando formas de argumentação típicas dos antigos céticos, como as ilusões dos sentidos ou o argumento do sonho, o filósofo constata, na segunda meditação, que a dúvida não seria possível sem sua existência, a qual se manifesta como uma existência pensante. Se duvido, sou, e sei que sou porque duvido e penso: serei, então, uma coisa que pensa. "Penso, logo existo", a formulação do Discurso do Método, sintetiza esses passos minuciosamente dados nas Meditações, apresentando-os como inabaláveis pelas dúvidas céticas (cf. DESCARTES, 1979b, p. 92-4).

Note-se que não se trata simplesmente de apresentar uma proposição verdadeira, como se ela pudesse passar incólume aos ataques do cético, em virtude de alguma evidência supostamente incontestável de que fosse portadora. O que faz Descartes é extrair uma verdade que deve necessariamente ser aceita como tal, porque sem ela a própria dúvida não seria possível. Obtida tal verdade, assegura-se a posse de um critério de verdade, "clareza e distinção", que se poderá aplicar no restante da inspeção filosófica, de modo a recuperar todo um sistema de verdades sobre o mundo (DESCARTES, 1979b, p. 99-100).

Muito se discute a respeito do papel desempenhado pelas razões de duvidar explicitadas na primeira meditação. Pode Descartes formulá-las sem nelas crer? Ele de fato, em algum momento, acreditou nelas? Na verdade, isso não parece ser o mais importante para compreender a recepção cartesiana do ceticismo. O que importa, para Descartes, é distinguir um emprego sério da dúvida, aquele mesmo que se exercita na primeira meditação, deliberadamente hiperbólico, mas norteado pelo projeto da construção de um sólido edifício científico, de um uso inconsequente e desprovido de razões filosóficas dessa mesma dúvida, que o filósofo julga encontrar nos céticos

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