Quais foram as ideologias operárias e burguesas do século XIX?
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IDEOLOGIAS OPERÁRIAS NO SÉCULO XIX
outubro 2, 2008 Paulo Alexandre História Geral 14 comentários
O contraste entre a miséria em que viviam os trabalhadores e a riqueza proporcionada pela produção industrial despertava revolta entre escritores, políticos e pensadores de origem burguesa. Indignados com o que viam, alguns deles propunham reformas que instaurassem a justiça social e abrissem caminho para a formação de uma sociedade mais humana e igualitária. As doutrinas e os princípios defendidos por esses reformadores constituíram uma ideologia que se tornou conhecida como socialismo. Seu ponto de partida era a crítica às desigualdades sociais criadas ou acentuadas pelo sistema capitalista. Entretanto, havia entre os socialistas muitas diferenças de opinião, o que originou vários grupos e diversas ideologias. Alguns socialistas argumentavam que só a luta político-eleitoral e parlamentar das classes trabalhadoras poderia conduzir a uma reforma da sociedade capitalista e à instauração do socialismo. Outra corrente de pensadores socialistas preocupava-se mais em idealizar um novo tipo de sociedade do que propor uma forma concreta para os trabalhadores conquistarem o poder. Esses pensadores ficaram conhecidos depois como socialistas utópicos, expressão derivada de Utopia, título de um livro famoso que o inglês Thomas Morus escreveu no século XVI.
Charles Fourier defendia a criação dos Falantérios, comunidades autônomas que seriam também unidades produtoras administradas pelos próprios operários.
Charles Fourier defendia a criação dos Falantérios, comunidades autônomas que seriam também unidades produtoras administradas pelos próprios operários.
Claude Saint-Simon argumentava que as camadas sociais integradas pelos altos membros da burguesia eram parasitárias.
Claude Saint-Simon argumentava que as camadas sociais integradas pelos altos membros da burguesia eram parasitárias.
Os socialistas utópicos de maior destaque foram o inglês Robert Owen e os franceses Charles Fourier e Claude Saint-Simon. Owen, por exemplo, acreditava na “revolução pela razão”: para transformar o ser humano, melhorar seu destino e curar seus vícios, era necessário primeiro questionar os valores impostos pela sociedade nas áreas religiosa, econômica, moral, familiar etc. Num segundo momento, porém, defendia uma ação transformadora mais efetiva. Ele mesmo serviu de exemplo para comprovar sua teoria. Aprendiz de um fabricante de tecidos e diretor de indústria têxtil, aos 28 anos Owen comprou quatro fiações de algodão que ficavam na usina de New Lanark, perto de Glasgow Inglaterra. As fábricas empregavam 1800 operários, dos quais 450 eram crianças. O socialista, patrão esclarecido, pôs em. prática suas idéias: racionalizou a produção, aumentou os salários e a produtividade, ampliou os alojamentos dos trabalhadores e combateu, entre eles, o alcoolismo e o roubo, dedicando especial atenção à regeneração moral. Além disso, construiu escolas para os filhos dos operários e proibiu o trabalho das crianças de pouca idade nas fiações. Sua experiência foi uma das mais bem-sucedidas da época.
Robert Owen - Filantropia e oferecimento de boas condições para operários.
Robert Owen - Filantropia e oferecimento de boas condições para operários.
As idéias socialistas, contudo, tomariam novo rumo com dois pensadores de origem germânica, que procederiam a uma crítica radical do capitalismo, procurando criar uma doutrina que fosse, ao mesmo tempo, científica e revolucionária. Esses pensadores eram Karl Marx e Friedrich Engels. Eles fundaram uma corrente de pensamento à qual deram o nome de socialismo científico ou comunismo. Em 1848, lançaram o Manifesto do Partido Comunista, que teve profundas e duradouras repercussões no movimento operário e socialista internacional. Para Marx e Engels, o capitalismo estava condenado à extinção, assim como haviam desaparecido também o feudalismo e o escravismo, e o agente dessa extinção seria o proletariado. classe oposta à burguesia. Para a vitória do proletariado, era necessário organizar os trabalhadores e promover uma insurreição armada que levasse o partido comunista ao poder e criasse um Estado que destruísse a principal estrutura da sociedade burguesa: a propriedade privada dos meios de produção. No seu lugar, seria instituída a propriedade coletiva de todos os meios de produção. Esse Estado dos trabalhadores seria o primeiro estágio sara a formação de uma sociedade sem classes e sem governo, a sociedade comunista.
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