Quais foram as contribuiçoes dos povos indígenas na regiao da atual cidade de São Paulo
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A ideia usual que a maior parte da população indígena vive em áreas rurais remotas não corresponde à realidade. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que alguns países como Austrália, Canadá, Estados Unidos e Chile a maior parte da população indígena vive em cidades. Em 2000 a população indígena na América Latina era de 30 milhões de pessoas, sendo que 12 milhões viviam em áreas urbanas.
No Brasil, os dados mais recentes do Censo de 2010 indicam que a população indígena atingiu 817,9 mil pessoas. Desse total, 36,2% residiam na área urbana e 63,8% na rural. No Estado de São Paulo, os dados do Censo de 2010 apontam uma população indígena de 37.915 índios vivendo em cidades, o que representa 91% da população indígena do estado.
Ainda segundo o IBGE, São Paulo é o 4º município com maior população indígena (população absoluta) no Brasil: 12.977 índios.
A existência de índios nas cidades decorre de duas razões principais: do movimento de migração das terras de origem para as cidades ou do crescimento das cidades que acabam alcançando as terras indígenas que passam a integrar a área urbana.
Em São Paulo encontramos os dois tipos de situação: três aldeias Guarani localizadas na zona sul e oeste (Terras Indígenas Jaraguá, Barragem, Krukutu e Tenondé Porã) onde vivem 867 índios. E uma grande população indígena distribuída por diversos bairros da Grande São Paulo constituída por famílias que migraram de suas terras de origem de diversas regiões do país, mas principalmente do nordeste.
Aldeia Tenondé Porã, zona sul de São Paulo
São diversas as dificuldades enfrentadas pela população indígena em São Paulo. Além dos problemas encontrados pela população das periferias de forma geral (como falta de emprego, condições precárias de moradia, violência, falta de assistência à saúde), também enfrentam problemas específicos, como a invisibilidade perante a sociedade em geral, a desconsideração do poder público, o questionamento de suas identidades étnicas e a falta de um espaço coletivo para suas manifestações culturais.
A Decisão de Deixar a Aldeia
São diversas as motivações para que famílias inteiras deixem suas terras de origem e venham tentar a sorte em São Paulo: as disputas envolvendo as terras indígenas, escassez de terras produtivas, a falta de trabalho e a busca por melhores oportunidades para estudo ou atendimento à saúde.
"Os posseiros mataram meu pai, que foi quem começou aquele conhecimento da aldeia. Mataram meu pai. Eu mesma fiquei desgostosa e vim embora para cá (...). Meu pai viajava, ele ia pra Brasília. Ele que ajeitava os índios e aconselhava todo mundo. Aí os posseiros ficaram com raiva e mataram ele.” Alaíde, índia Pankararé (Bahia).
“Eu não queria que eles [meus filhos] passassem pelo que eu passei. Vivendo de roça, trabalhando em cima das serras, sendo que as terras melhores os posseiros que tinham. Então chega uma hora que a gente planta e vê morrer por causa do sol. Aí a gente cai em desespero. E é obrigado a tentar a sorte na terra dos outros” Bino do povo Pankararu (Pernambuco).
“A gente procurou escola. Em nossa aldeia não tem o Segundo Grau. O Primeiro Grau tem. Agora, chegou no Segundo Grau, o pessoal tem que ir pra cidade. E qual cidade que dá mais acolhimento pro pessoal? Seria São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e outras grandes cidades", Sátiro, povo Terena (Mato Grosso do Sul).