quais foram as atitudes iniciais para os povos q se formares enquanto a civilização?
Soluções para a tarefa
Resposta:
Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena dos seus ganhos, em ouro e
glórias. Para os índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver. Este foi o
encontro fatal que ali se dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de
se verem uns aos outros tal qual eram, a selvageria e a civilização. Suas concepções, não só
diferentes mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Os
navegantes, barbudos, hirsutos, fedentos, escalavrados de feridas de escorbuto, olhavam o que
parecia ser a inocência e a beleza encarnadas. Os índios, esplêndidos de vigor e de beleza, viam,
ainda mais pasmos, aqueles seres que saíam do mar."
"Darcy Ribeiro é um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve. Não apenas pela alta
qualidade do seu trabalho e da sua produção de antropólogo, de educador e de escritor, mas
também pela incrível capacidade de viver muitas vidas numa só, enquanto a maioria de nós Tmal
consegue viver uma."
Antonio Candido, Folha de S.Paulo
Nota das orelhas do livro:
Por que o brasil ainda não deu certo? Darcy Ribeiro, ao chegar no exílio, no
Uruguai, em abril de 1964, queria é responder a essa pergunta na forma de um livro- painel sobre
a formação do povo brasileiro e sobre as configurações que ele foi tomando ao longo dos séculos.
Viu logo, porém que essa era uma tarefa impossível, pois só havia o testemunho dos
conquistadores. E sobretudo porque nos faltava uma teoria crítica que tornasse explicável o
mundo ibérico de que saímos, mesclados com índios e negros.
Afundou-se, desde então, na tarefa de produzir seus Estudos de antropologia da
civilização, que pretendem ser essa teoria. A propósito deles, Anísio Teixeira
observou que "embora um texto introdutório, uma iniciação, não é reprodução de
saber convencional, mas visão geral, ousada e de longa perspectiva e alcance. Darcy Ribeiro é
realmente uma inteligência-fonte e em livros desse tipo é que se sente à vontade. Considero
Darcy a inteligência do Terceiro Mundo mais autônoma de que tenho conhecimento. Nunca lhe
senti nada da clássica subordinação mental do subdesenvolvido [...]."
Mas Darcy continuou trabalhando sempre no seu texto sobre o Brasil e os
brasileiros, explorando tanto as fontes bibliográficas disponíveis como as amplas
oportunidades que ele teve de observação direta de todos os tipos de gentes do Brasil.
Recentemente, vendo-se em risco de morrer numa UTI, fugiu de lá para viver e também para
escrever este seu livro mais sonhado. Levou consigo, para uma praia de Maricá, as copiosas
anotações feitas naqueles anos, que ele compaginou ali. Foram trinta anos de mais quarenta dias.
Trata-se de seu livro mais ambicioso, resultantes daqueles estudos prévios, mas independente
deles. É uma tentativa de tornar compreensível, por meio de uma explanação históricoantropológica, como os brasileiros se vieram fazendo a si mesmos para serem o que hoje somos.
Uma nova Roma, lavada em sangue negro e sangue índio, destinada a criar uma esplêndida
civilização, mestiça e tropical, mais alegre, porque mais sofrida, e melhor, porque assentada na
mais bela província da
Terra.
Antroplólogo, ensaísta, romancista e político, Darcy Ribeiro nasceu em Montes
Claros, MG, em 1922. É autor de, entre outros, O processo civilizatório ( 1968), Os
índios e a civilização ( 1970 ), Maíra ( 1976), O mulo ( 1981), Utopia selvagem (
1982 ) e Migo ( 1988).
Agradeço aqui, muitíssimo, àqueles que mais me ajudaram a concluir este livro.
A Mércio Gomes, meu colega, pela paciência de ler comigo página por página do
texto original. A Carlos Moreira, meu companheiro, cuja pré-leitura jamais dispenso, que também o
leu, inteiro, e derramou sobre meu texto sua frondosa erudição. Confesso, porém, que
agradecimento maior e mais fundo e sentido é a Gisele Jacon, minha assessora. Este livro é obra
nossa. Se eu o pensei, ela o fez materialmente, lhe dando a consistência física de coisa palpável