Quais eram os tipos de artes que Saul Steinberg fazia?
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DIVERSÃO E ARTE
Saul Steinberg traça um painel de uma era rica em inovações e choques
postado em 15/05/2011 08:12
Saul Steinberg repetiu centenas de vezes: considerava-se um escritor que, em vez de escrever, desenhava. Compreende-se um pouco a intenção do artista quando se tem diante dos olhos seus desenhos ; verdadeiras narrativas capazes de embalar a imaginação do observador ;, mas a afirmativa de Steinberg fica mais clara ao se percorrer as linhas escritas em forma de autobiografia. Reflexos e sombras funciona como um complemento para as imagens de Steinberg. O livro existe desde a década de 1970 e precisou esperar três décadas para chegar aos leitores. A primeira edição, em italiano, saiu na Itália logo após a morte do autor, em 2001. Agora, é a vez do leitor brasileiro ter acesso à obra, que chega às livrarias editada pelo Instituto Moreira Salles (IMS) com tradução de Samuel Titan Jr..
Judeu nascido na Romênia em 1914, Steinberg imigrou para os Estados Unidos durante a Segunda Guerra e se tornou o ilustrador mais celebrado da imprensa americana do século 20. Com as ilustrações de Steinberg na capa, a revista The New Yorker, ícone do jornalismo literário que rendeu nomes como Truman Capote e Norman Mailer, ganhou mundo e prestígio pelo bom gosto dos cartuns capazes de expressar o conteúdo e o espírito de toda uma edição.
Na autobiografia é um Steinberg quase infantil que fala ao leitor. ;A escrita dele, como o desenho, tem a economia, a brevidade, o corte. Tem o olho do caricaturista que pega uma situação complexa e localiza rapidamente dois ou três traços que definem o conjunto;, acredita o tradutor Samuel Titan Jr., um dos coordenadores do IMS. O mesmo traçado pueril do desenho aparece na escrita simples e sutilmente irônica de Steinberg. ;Ele conservou uma coisa do olhar infantil e não tentou adulterar ou enobrecer isso. Na verdade, ele refinou isso. O legal é pensar que esse homem muito culto, com todo o acervo da arte e da literatura europeias na cabeça, usou isso para tornar mais importante a visão infantil.;
O texto vem acompanhado de desenhos selecionados na Fundação Steinberg, em Nova York, com o objetivo de ilustrar as memórias. Para cada lembrança narrada pelo cartunista em Reflexos e sombras, Samuel Titan escolheu um desenho correspondente. ;Tentamos encontrar coisas que fossem pontuando, mostrando a evolução, as idas e vindas do Steinberg estilista desenhista. Os que parecem desenhos de infância foram feitos nos anos 1950. É o Steinberg, já célebre na New Yorker, praticando um estilo.;
O cartunista nunca sentou para escrever o livro. Cultivava o hábito de gravar pensamentos, ideias e histórias. O amigo Aldo Buzzi, arquiteto e escritor, acabou por convencê-lo a contar a própria biografia para um gravador. Foram duas sessões registradas em 1974 na casa de praia de Steinberg, próxima a Nova York, e estimuladas pelas perguntas do amigo. O material foi guardado e editado pelo próprio Buzzi em forma de autobiografia e publicado primeiro na Itália e, depois, nos Estados Unidos. Steinberg estudou arquitetura em Milão nos anos 1940 e por lá conheceu Buzzi ; e também os arquitetos Lina e Pietro Maria Bo Bardi, que levariam a primeira e única exposição do ilustrador ao Brasil em 1952 ; e aprendeu italiano, língua na qual as fitas foram gravadas.
Steinberg viu desfilar todo o século 20 e esteve no centro da principal cena artística daqueles anos. Viu nascer boa parte dos ismos dos últimos 100 anos. Cubismo, surrealismo, expressionismo, modernismo e futurismo serviram muitas vezes de referências ao artista. ;Ele tem uma coisa curiosa, diferente de todos os caricaturistas das revistas da época: um repertório artístico muito vasto, com toda a tradição do desenho e da pintura europeus na cabeça, mas mais do que isso, nos anos 1920, 1930 , ele absorveu tudo que havia de mais vivo nas vanguardas europeias. Chegou nos Estados Unidos conhecendo o surrealismo e praticando uma espécie de vaivém entre todos esses estilos de ma