Biologia, perguntado por marcos27535, 8 meses atrás

quais eram as punições que jornalista poderiam sofrer se não seguisse as orientações dos censores militares, ajudar aí pôr favor ​


Leidih667: oi

Soluções para a tarefa

Respondido por Rcplaygamer1
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Resposta:ola espero ajudar

Explicação:

Onze meses antes da prisão, a jornalista chegou à Folha da Tarde, jornal onde trabalhava, e notou um sujeito

que nunca tinha visto antes. Sentado com o rosto inclinado para baixo, como quem lia algo, ele ostentava um cabelo

grisalho que destoava do ambiente repleto de jovens repórteres. Horas depois, o AI-5 seria anunciado no jornal e com

ele a notícia de que o forasteiro não se tratava de um jornalista, mas, sim, de um censor. A partir de 13 de dezembro, a

liberdade de imprensa viraria uma letra morta no Brasil. "O que mais chegava na gente era a censura. Toda hora vinha

telex da Polícia Federal dizendo o que podia e o que não podia. A censura foi uma das coisas mais violentas para mim."

Enquanto Nogueira já estava no mercado de trabalho quando o AI-5 foi decretado, Ana Maria Estevão dava os

primeiros passos em direção à universidade. No cursinho em que se preparava para o vestibular de serviço social, a

medida gerou debates e uma certeza: "Se alguém pensava em chegar à Presidência por meio de eleições, essa ilusão já

não existia mais", afirmou. Ainda que o AI-5 tenha escancarado a natureza autoritária do regime, ela lembra que muitos

não acreditavam que a situação poderia piorar tanto. Naquele momento, disse ela, ainda não havia a real dimensão de

como a violência aumentaria.

Quando jovem, a professora universitária se engajou na militância por meio da religião. Ligada à igreja

metodista, ela encontrou em textos bíblicos as reflexões necessárias para questionar a pobreza que a cercava. Na ocasião,

participava de passeatas e promovia debates políticas no grupo da igreja, práticas interrompidas após o AI-5. “Depois

que a violência e o terror de Estado foram acirrados, as pessoas se calaram.” Apesar desse clima de medo, ao entrar na

universidade, em 1969, a efervescência política ainda sobrevivia.

Estevão chegou a ser presidente do centro acadêmico de serviço social, à época proibido de funcionar. Na

organização, conheceu militantes ligados à esquerda e um deles, que estava na clandestinidade, recebeu abrigo na

república de estudantes em que morava. "Mas essa pessoa se apresentou à Operação Bandeirantes em 1970 e abriu tudo.

Absolutamente tudo. Quando cheguei lá, tinha umas 30 pessoas além das que moravam na minha república." Essa seria

a primeira de três prisões. Em uma delas, Estevão ficou de frente com coronel Ustra, ex-chefe do DOI-Codi e o primeiro

militar a ser condenado por crimes de tortura, em 2008.

"Tenho essa imagem bem clara. Estava pendurada no pau de arara e ele entrou na sala. Eu pesava 46 quilos na

época e tenho 1,60 metro de altura. Então ele falou: ‘Olha, ela não vai aguentar. Ela é muito magra’." Como não tinha

comprometimento grande nas organizações armadas, acharam por bem tirá-la do pau de arara. Na segunda vez em que

viu Ustra, Estevão recebeu um pedido do militar: como ele também era metodista, a jovem poderia ligar para seu telefone

caso a pessoa que estavam procurando aparecesse.

Depois da prisão, a pesquisadora diz que as consequências psicológicas daqueles momentos custam a

desaparecer. "Até hoje faço análise. Meus pais morreram sem saber exatamente como é que foi a tortura. Nunca tive a

coragem de contar para eles. Nunca. Levei 40 anos para falar publicamente sobre isso." Ela destaca também que a

religião, algo que lhe era tão caro na juventude, acabou se perdendo nos porões do regime militar.

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