Quais eram as condições de vida dos imigrantes europeus quando chegaram ao Brasil?
Soluções para a tarefa
Vindos muitas vezes de países frios do Norte da Europa, os colonos estranhavam os costumes, a alimentação e as formas de vida. O asseio corporal que o trópico exigia parecia diminuir-lhes a resistência. A sabedoria popular apontava, por exemplo, a alta incidência de bicho-de-pé à falta de lavarem os pés todas as noites.
O imigrante jovem e sadio fazia-se às vezes acompanhar de velhos e doentes, de quem não queria apartar-se, responsabilizando-se então pelo seu sustento, mas onerando, naturalmente, sua produtividade para o fazendeiro.
Na fazenda, a vida dos colonos era objeto de toda uma série de normas, que restringiam os próprios movimentos. A obediência às normas era sob pena de multa, que muitas fazendas faziam reverter para uma caixa em benefício dos colonos.
A distribuição de moradias era feita por sorteio, sendo que muitas casas por terminar exigiam dos colonos esse trabalho, em troca de certas compensações. Para os padrões de moradia do camponês europeu, as residências no Brasil eram bem deficientes. Dependendo do contrato, a moradia era cedida gratuitamente por certo período, ou então cobrava-se aluguel desde o início.
Um dos regimes de trabalho que mais se propagou, num certo período, entre os imigrantes nas fazendas de café foi o contrato de parceria. Implicava um acerto, pelo qual o fazendeiro cedia ao colono determinada área de sua propriedade, com o respectivo cafezal, para ser cultivado, colhido e beneficiado, repartindo-se os resultados entre ambos, na proporção que fosse estipulada pelo contrato.
Na verdade, era um sistema adotado como intermediação entre a escravidão e o trabalho livre. Mal protegido pela legislação que não garantia ao colono liberdade, segurança e acesso à propriedade, o sistema mostrou-se vulnerável, com deficiências que comprometiam o seu funcionamento. As partes contratantes defrontaram-se desde logo com um conflito de interesses, marcado pela mútua desconfiança. O colono partia do pressuposto, válido muitas vezes, de que o fazendeiro aproveitava-se de todas as operações, como por exemplo pesagem, despacho, vendas, etc., para locupletar-se. Do lado dos fazendeiros, estes exerciam excessivo patriarcalismo, revoltando os colonos não acostumados a esse controle.
O mercado internacional de trabalho permitia recrutamento sem muito critério de racionalidade e seleção. Dessa maneira, não se levava em conta hábitos, habilidade profissional, códigos morais, idade, condições de saúde. Essas ocorrências eram agravadas por uma legislação falha, executada e fiscalizada precariamente. Os intérpretes abusavam de ambas as partes: fazendeiros e colonos.
Em tese, alegavam seus defensores, o sistema de parceria oferecia ampla liberdade ao empregado, reduzindo os conflitos de tradições, costumes e convenções, não permitindo quistos raciais, vitalizando novas regiões. Poderia ser, continuavam, nessa linha de argumentos, uma oportunidade para adaptação à plantagem. O empresário não passaria de simples rendeiro, repartindo o trabalho de administração e planejamento, bem como os riscos com o trabalhador rural. Embora o sistema de salários prefixados fosse oferecendo mais garantias aos colonos contra as oscilações do preço do café e de outros riscos, outros regimes de pagamento foram sendo praticados.
Enquanto os colonos viveram com as suas famílias dentro da fazenda, comumente um simples ajuste verbal com o fazendeiro fixava o número de pés de café que competia a cada família cuidar, havendo aquelas que, por numerosas e/ou capazes, encarregavam-se de 8 a 10 mil pés. O cumprimento da tarefa que lhes cabia, no que se incluíam o trato do cafezal e a colheita, determinava o pagamento que recebiam, tendo por base um ano agrícola, mas sendo feito mensalmente (mesada), em geral no primeiro sábado de cada mês. O controle contábil desse pagamento era feito precariamente, em cadernetas.
Houve, durante a história do Brasil, diferentes correntes imigratórias de europeus, com características que não eram homogêneas, de modo que abordar o tema da imigração europeia requer cuidado e atenção.
Os primeiros imigrantes do nosso país, que chegaram no Século XVI, apresentavam já profundas diferenças: de um lado os degredados, criminosos que chegavam aqui em condições difíceis, assim como havia o grupo dos pequenos nobres que vinham para o país assumir Capitanias ou instalar engenhos, que encontravam um país com pouca infraestrutura, mas que eram socialmente privilegiados.
Já os do século XIX, que vieram, na maioria dos casos, subvencionados, com facilidades para se instalar, eram em sua maioria pessoas pobres, que eram tratados como cidadãos de segunda classe no país. Era comum, por exemplo, que os italianos fossem chamados de "crioulos da terra", o que ilustra a posição social subalterna que ocupavam.
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