Filosofia, perguntado por livisds, 10 meses atrás

Quais críticas nietzsche faz ao sócrates?

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Respondido por felipinhogamertop
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Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar as críticas de Nietzsche a Sócrates através

da contraposição entre a existência trágica e a existência socrática. Pretendo ainda

mostrar que a figura de Sócrates na obra O Nascimento da Tragédia de Nietzsche é

semelhante à imagem de Sócrates na Apologia de Sócrates de Platão.

Em O Nascimento da Tragédia, Nietzsche contrapõe a significação moral da existência,

através do surgimento do homem teórico Sócrates, à justificação da existência enquanto

fenômeno estético, através da tragédia, qualificando, assim, a arte como atividade

metafísica do homem.

Nietzsche se apropria do simbolismo dos deuses helênicos Apolo e Dionísio para expor

sua compreensão da cultura trágica, tal como foi vivenciada pelos gregos no auge de sua

expressão. A tragédia grega é gerada tanto pela duplicidade dos dois impulsos artísticos,

o apolíneo e o dionisíaco, provenientes desses deuses da arte, quanto pela “vontade”

helênica.

No que concerne à “vontade”, essa se apresenta como ato metafísico que, em sua

aptidão ao sofrimento e na transfiguração do mundo artístico, se revê em uma esfera

mais bela e mais gloriosa, a dos deuses Olímpicos. Então, tendo como seu mais sincero

exemplo a sabedoria de Sileno1

, que anuncia a condição humana, os gregos conseguem

encarar o aspecto mais monstruoso de sua existência, com a condição da mediação do

mundo artístico dos deuses, para com a verdadeira tragédia chegarem a seu consolo

metafísico.

Já acerca daqueles dois impulsos artísticos da natureza, enquanto o apolíneo tem como

comparação o sonho e a aparência, pois expressa a necessidade da experiência onírica e

apresenta a imagem divina do princípio de individuação2

, bem como a figuração da

beleza da aparência como precondição para a arte plástica, o dionisíaco se refere à

embriaguez: suprime o subjetivo para, em meio ao auto-esquecimento e ao

encantamento, unificar-se ao Uno-primordial, o que permite a arte não-figurada da

música.

Muito se tem a dizer sobre a relação desses dois impulsos artísticos da tragédia. Ao

caracterizar o encantamento como pressuposto de toda arte dramática e explicar o

verdadeiro papel do coro na tragédia, Nietzsche nos oferece uma explicação dessa

relação. A saber:

Nos termos desse entendimento devemos compreender a tragédia grega como

sendo o coro dionisíaco a descarregar-se sempre de novo em um mundo de

imagens apolíneo. Aquelas partes corais com que a tragédia está entrançada são,

em certa medida, o seio materno de todo assim chamado diálogo, que dizer, do

mundo cênico inteiro, do verdadeiro drama. Esse substrato da tragédia irradia,

em várias descargas consecutivas, a visão do drama, que é no todo uma aparição

de sonho e, nessa medida, uma natureza épica, mas que, de outro lado, como

objetivação de estados dionisíacos, representa não a redenção apolínea na

aparência, porém ao contrário, o quebrantamento do indivíduo e sua unificação

com o Ser primordial. (NIETZSCHE, 1992, p. 60)

Nesse sentido, Nietzsche concebe a tragédia grega tendo como único herói trágico no

fundo de todas as máscaras o deus Dionísio. No entanto, este Dionísio sofredor se dá no

1

Depois de capturado, o rei Midas perguntou para Sileno qual dentre as coisas era melhor e mais

preferível para os homens, para qual o demônio responde: “-Estirpe miserável e efêmera, filhos do acaso

e do tormento! Por que me obrigas a dizer-te o que seria para ti mais salutar não ouvir? O melhor de tudo

é para ti inteiramente inatingível: não ter nascido, não ser, nada ser. Depois disso, porém, o melhor para ti

é logo morrer”.(NIETZSCHE, 1992, p. 36)

2

Observação de Schopenhauer sobre o homem colhido no véu de Maia: “Tal como, em meio ao mar

enfurecido que, ilimitado em todos os quadrantes, ergue e afunda vagalhões bramantes, um barqueiro está

sentado em seu bote, confiando na frágil embarcação; da mesma maneira, em meio a um mundo de

tormentos, o homem individual permanece calmamente sentado, apoiado e confiante no princípio de

individuação”.(NIETZSCHE, 1992, p.30)


pedrogokukaka: Só isso?! kk
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