Geografia, perguntado por julinhaseco, 6 meses atrás

Quais aspectos ambientais sobre a Índia o filme quem quer ser um milionário denuncia?


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Respondido por franciscorangelferre
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Resposta:

O tema pobreza já foi abordado através de vários pontos de vista ao longo da história do cinema. Muitas delas são visões românticas e que servem como mero plano de fundo para uma história pouco comprometida com a realidade. Poucos pontos de vista são ousados, destacando talvez o trabalho de Fernando Meirelles com seu maravilhoso “Cidade de Deus”, o principal comparativo com o filme que iremos analisar.

Os diretores de ambos os filmes se expressaram diante dessa comparação, já que suas visões são retratos dos mundos mais baixos e miseráveis da cidade. Mesmo com enfoques similares, as obras possuem um caráter totalmente diferente. Uma é o resultado fiel de uma determinada época e a outra, uma história de amor que narra, ao fundo, a evolução de uma cidade.

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Nesse sentido, "Quem Quer Ser um Milionário" nos permite imergir na realidade de Mumbai, a cidade mais povoada da Índia e a segunda mais populosa do mundo, com quase 13 milhões de habitantes. Esse filme, através de uma visão crua e realista mostra uma sociedade terrível, mal-cheirosa e cruel onde se desenrola uma luta constante pela sobrevivência. Para isso o diretor se afasta totalmente de uma visão turística e superficial para entrar completamente em suas ruas mais miseráveis. A maioria dos seus personagens são interpretados pelos próprios habitantes do lugar e chegam a tela do cinema com suas personalidades antes de seguirem um roteiro pré-fabricado.

Mumbai é a representação de qualquer cidade em desenvolvimento do mundo. Cheia de vitalidade graças ao grande número de habitantes, cujas metas são alcançar o progresso e a "modernidade" que hoje em dia possuem os países de primeiro mundo. Através da crescente indústria portuária e a introdução do capital estrangeiro a cidade cresce a largos passos. Mas o desenvolvimento não é equitativo e em vez da pobreza desaparecer, ela só aumenta.

Como parte do sistema neoliberal, a divisão do capital se concentra somente em poucas mãos. As classes altas se tornam cada vez mais influentes e poderosas enquanto que oferecem serviços que pouca gente pode usufruir devido aos seus baixos salários. Os bairros antigos desapareceram a medida que grandes edifícios habitacionais foram criados para acomodar a população, mas poucos podem pagá-los e portanto, novos bairros de miséria aparecem nas novas periferias da cidade.

Esse é um processo que se repete em todos os modelos de fazer cidade no terceiro mundo. A concentração da riqueza em mãos de uns poucos não fez mais do que aumentar a diferença entre os ricos e pobres, piorando suas condições de vida. Esse processo pode ser observado tanto no plano de fundo do filme como nas próprias ações dos seus protagonistas. Eles, seres provenientes dos estratos mais baixos, não podem ter trabalhos dignos e honestos devido a sua falta de preparação. Dedicam-se, então, aos roubos durante sua infância e quando crescem, tomam caminhos tão diferentes quanto contraditórios.

Completamente arrancado da sociedade, um deles se torna parte da máfia da cidade. Sem escrúpulos, torna-se um tirano em busca de riqueza que de outra maneira nunca conseguiria. O outro personagem, de mesma educação mas de coração firme, procura um emprego digno mas pela sua condição social acaba segregado como um mero servente.

Ambos representam e acompanham a todo o momento a evolução da cidade. Carregam mensagens diferentes e opostas, mas os dois são vítimas de um sistema que concentra o capital nas mãos de muito poucos. São atores, como nós, de um jogo injusto cujas bases são perturbadoras. Por isso, depois de tudo...Quem não quer ser um milionário?

Explicação:

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