História, perguntado por vickgrraffunder, 10 meses atrás

Quais as mudanças ocorridas na Inglaterra que possibilitaram a revolução industrial?

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Respondido por estudantenerd12
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Nos dias de hoje, na Idade Contemporânea, se faz necessário refletirmos profundamente sobre as mudanças ocorridas no passado, para então, compreendermos o nosso presente, com mais lucidez e sensatez. Certamente, as modificações fazem parte da vida humana, das ideologias, dos costumes, das histórias, e da maneira como cada sociedade vive e se transforma com o passar do tempo, com base em sua cultura, crenças, tempo, espaço, valores, economia, entre outros fatores.

É natural, a curiosidade que surge contemporaneamente, quando falamos da industrialização na Inglaterra. A Revolução Industrial Inglesa revolucionou o modo de produção, a qual chegou acompanhada de muitas conquistas, no sistema fabril-capitalista. Desde então, há vários questionamentos em torno do assunto, assim como, ideias, afrontas e opiniões, por parte de pesquisadores, historiadores, curiosos, educadores entre outros. Os questionamentos que surgem com o tempo, época após época, são normais na sociedade, pois a busca pelo conhecimento e pela pesquisa ativa e concreta faz parte da vida do ser humano, da trajetória de lutas e conquistas, e do gosto pelo saber.

Verifica-se, que até o final do século XV, a Inglaterra era mais um país que vivia sob o regime do sistema feudal, com base em uma economia que visava apenas à subsistência da população inglesa, e para isso, utilizavam da agricultura, e de pequenos artesanatos, assim como, da força do trabalhador camponês, do cultivo de gado, e de ovelha para a produção de lã. Durante a Idade Média europeia, a produção artesanal era realizada inicialmente em um sistema familiar, que não almejava comércio, e destinava apenas a atender ás pequenas necessidades do povo europeu.

Por volta do século XVI, com a economia deixando de ser local, os comerciantes começaram a fornecer a matéria-prima aos trabalhadores fora da jurisdição das corporações e a controlar a comercialização do produto final. Surgia o sistema que ficou conhecido como putting-out na Inglaterra, no qual aparecia a figura do comerciante capitalista, isto é, o intermédio entre a produção e comercialização.

Nesse sentido pré-fabril, os trabalhadores, além de produzir em suas casas e possuir as ferramentas necessárias para a concretização das atividades, detinham o controle das técnicas e do processo de trabalho que empregavam. Sobre o sistema familiar doméstico, Hubermam (1986) acrescenta:

Produção realizada em casa para um mercado em crescimento. Era desenvolvida pelo mestre artesão com ajudantes, tal como no sistema de corporações, porém com uma diferença importante – os mestres já não eram independentes. Eles tinham ainda a propriedade dos instrumentos de trabalho, mas dependiam para a matéria-prima um intermediário empreendedor que se interpusera entre eles e o consumidor. (HUBERMAM, 1986, p. 104-106)

Ainda assim, surgiram vários conflitos entre comerciantes e trabalhadores, porque, frequentemente, a matéria-prima entregue aos artesões era de qualidade inferior, havia desvio de parte da produção e nem sempre o preço combinado entre as partes era pago, além do atraso na entrega de mercadorias.

A origem da fábrica moderna está relacionada aos conflitos inerentes ao putting-out system. Ao comerciante capitalista, esse sistema permitia o controle da matéria-prima, mas não do processo de fabricação, o que facilitava uma série de ações de resistência dos trabalhadores.

A especialização parcelada, característica do putting-out system, fez desaparecer só um dos dois aspectos, do controle operário da produção, o controle sobre o produto. O controle operário do processo de trabalho ainda continuava total, o trabalhador era livre para escolher as horas e a intensidade do trabalho. Essa liberdade só foi lhe tirada pela fábrica. Assim a tese que vamos defender será, a concentração de operários nas fábricas foi uma consequência lógica do puting-out system. O segredo do sucesso da fábrica, o motivo de sua adoção, é que ela tirava dos operários e transferia aos capitalistas o controle do processo de produção. Disciplina e fiscalização podiam reduzir custos. (MARGLIN, 2001, pp. 56-58)

Os conflitos entre trabalhadores e comerciantes levaram estes últimos a criar grandes galpões (fábricas) onde pudessem observar, controlar e até punir os trabalhadores.

A criação do sistema de fábricas retirou o mestre e seus ajudantes da oficina artesanal, retirou as pessoas da pequena indústria doméstica, colocando-as em um local de trabalho específico e informando-lhes que teriam de trabalhar durante um tempo específico. (HUBERMAN, 1986; GORZ, 2003).


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