História, perguntado por anne181, 1 ano atrás

Quais as mudanças ocorrem no relacionamento humano durante a pre historia com a invenção do amor?

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Respondido por pardinimotovlog
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Para Freud a paixão consiste num investimento da libido narcísica, de forma maciça, no outro, que por isso se transforma num objeto ideal. Com a idealização, o objeto amado torna-se absolutamente fascinante, e por isso atraente para aquele que ama.

Vemos aqui como Freud, dentro de sua teoria, deixa como possível que o ego lá está desde um momento muito precoce. Winnicott, por sua vez, percebe de modo radicalmente outro essa situação, e mais adiante tal percepção distinta aparecerá.

Freud descreve a paixão em ‘Psicologia de grupo e a análise do ego’ (1921). Trata-se de um estado no qual o olhar apaixonado desvaloriza intensamente o próprio eu (não encontrei a explicação de Freud que descreveria os motivos dessa desvalorização). O objeto se torna ‘cada vez mais sublime, precioso’, usurpando, digamos, ‘todo o auto-amor do ego’. O sacrifício de si mesmo torna-se, inevitavelmente, um dos desfechos possíveis do processo quando, segundo o autor, ‘o objeto [acaba por] consumir o ego’. Desta forma, as funções do ideal do eu ficam paralisadas.

Como tudo isto seria diferente se Freud pudesse ter imaginado um ego surgindo aos poucos, e não desde muito cedo. Ele poderia ter dito, como dirá Winnicott, que até certo momento ainda não há um ego inteiramente constituído, e sim apenas núcleos do mesmo – não integrados, ou seja, dispersos no espaço psíquico, sem se apoiarem uns nos outros e sem, portanto, a capacidade de, a partir do conjunto, melhor relacionar-se com a realidade tanto interna quanto externa. Não houve ainda tempo de o recém nascido se constituir numa pessoa por direito próprio, ou numa pessoa ‘inteira’, segundo Winnicott.

Fica muito mais simples compreender o fenômeno da paixão se presumirmos que em vez de ‘o objeto consumir o ego’, o ego simplesmente ainda não existe por inteiro, e que nesse momento inicial o objeto primário (‘mãe’) ainda está fundido ao bebê, ou vice-versa: não há, ainda, duas pessoas nessa relação, e sim uma única: ‘mãebebê’.

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