História, perguntado por mouranicolly, 7 meses atrás

Quais as motivações para a deflagração da Guerra do Paraguai?​

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Respondido por leateixeir
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Resposta:

A Guerra do Paraguai resultou das contradições e das disputas que eram travadas pelas nações no quadro geopolítico da segunda metade do século XIX. Longe de ter sido causado pela Inglaterra, existem evidências de que os ingleses tentaram evitar o início desse conflito. Além disso, Brasil e Inglaterra mantiveram relações cortadas de 1862 a 1865 como desdobramento da Questão Christie.

Na segunda metade do século XIX, as nações platinas estavam consolidando-se institucionalmente, com isso, havia uma série de questões fronteiriças em disputa. O Paraguai buscava reforçar sua posição regional como terceira potência e disputava territórios fronteiriços com Brasil e Argentina.

A Argentina, liderada por Bartolomé Mitre, procurava consolidar seu território, impedir maiores fragmentações territoriais e derrotar os rebeldes federalistas das províncias de Entre Ríos e Corrientes. O Uruguai vivia anos de turbulência por causa da guerra civil travada entre as facções políticas blancos e colorados. Já o Brasil buscava reforçar sua posição de potência e garantir a livre navegação da bacia platina.

A situação na região entre as quatro nações começou a tomar rumos complicados a partir de 1862. Nessa data, Solano López assumiu como presidente paraguaio e tratou de estreitar relações com o movimento federalista que lutava contra o governo de Buenos Aires. Essa aproximação entre paraguaios e federalistas argentinos possibilitou a ligação do Paraguai com os blancos uruguaios.

A aproximação do Paraguai com os blancos, que governavam o Uruguai com o presidente Bernardo Berro, propiciava aos paraguaios a utilização do porto de Montevidéu como alternativa de acesso ao mar. Os blancos uruguaios, por sua vez, travavam uma guerra contra uma facção política local conhecida como colorados. Os colorados tinham o apoio do governo argentino de Mitre, pois os blancos eram aliados dos federalistas – inimigos do governo argentino.

Os colorados eram liberais e defensores do livre comércio e da livre navegação nos rios da região platina. Esses princípios eram os mesmos defendidos pelo governo brasileiro naquele momento, sobretudo a livre navegação que era vital para que o governo central mantivesse contato com a província do Mato Grosso (na época, a única maneira de chegar a Cuiabá era navegando pelos rios da bacia platina). Assim, havia uma aproximação ideológica entre o Brasil e os colorados.

A partir de 1863, o governo brasileiro, pressionado pelos estancieiros gaúchos, realizou uma política de intervenção na Guerra Civil Uruguaia pelo lado dos colorados. A atitude brasileira tinha como pretexto a reparação contra agressões feitas por blancos contra cidadãos brasileiros no Uruguai. A Argentina apoiava a intervenção brasileira em favor dos colorados, mas não se envolveu diretamente.

O interesse brasileiro de interferir nesse conflito uruguaio, a partir do apoio aos colorados, desagradou fortemente Solano López, aliado dos blancos. Solano López recebia informes dos acontecimentos da Guerra Civil Uruguaia por meio de representantes radicais dos blancos, os quais convenceram-no que a ação brasileira visava a interesses anexionistas e que a próxima nação alvo desse expansionismo era o Paraguai. O Brasil, no entanto, não possuía interesses expansionistas, já que estava voltado unicamente a questões econômicas, visando garantir os negócios de brasileiros no Uruguai e destituir os blancos fortemente antibrasileiros.

Ao ser convencido incorretamente de que o Brasil representava uma ameaça à soberania do Paraguai, Solano López deu um ultimato ao governo brasileiro, em agosto de 1864, para que este não interviesse nos assuntos uruguaios. O governo brasileiro ignorou as advertências paraguaias e, em setembro do mesmo ano, invadiu o Uruguai em apoio aos colorados. A invasão brasileira destituiu o governo blanco e colocou os colorados no poder com Venancio Flores na presidência do Uruguai.

A essa altura, o Paraguai já possuía um enorme exército preparado para entrar em ação. Assim, como represália à invasão do Uruguai pelo Brasil, o Paraguai aprisionou uma embarcação brasileira que navegava pelo rio Paraguai – o Marquês de Olinda – e invadiu o Mato Grosso em dezembro de 1864.

A entrada da Argentina no conflito ocorreu quando as tropas paraguaias, com o objetivo de socorrer os blancos uruguaios, invadiram o território argentino. Essa invasão aconteceu porque o presidente Mitre não autorizou a passagem das tropas paraguaias pelo território argentino, que rumavam em direção ao Rio Grande do Sul. Com isso, Brasil, Argentina e Uruguai – agora governado pelos colorados – reuniram-se em uma aliança contra o governo paraguaio.

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